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Qual é o seu nome digital? (Flávio Santos)

04.06.21

Qual é o seu nome digital? 

 Desde que o mundo digital se tornou presente na nossa rotina, surgiram diversos novos debates e novas formas de dialogar com uma linguagem codificada. E vamos muito além do internetês, do “você" virar "vc” ou do uso de emojis e gifs. O dialeto digital impactou posturas e reações nas nossas formas de agir e reagir.

O mundo digital se mistura com o mundo real, e até aí não temos novidades. Já passamos pelo momento de discutir se a internet é ou não uma porta para a rua e, por isso, deveria exigir mais cuidados. O assunto da vez não se limita ao meio, mas sim à sua usabilidade.

Chegamos em um momento em que a nossa identidade ganhou um novo lugar de existência. Além de ostentar a carteira com registro, ganhamos agora um nome digital, que em algumas situações se tornou mais relevante do que o nome original.

A observação parte de mim, muitas vezes ao longo do dia: simplesmente no lugar de escrever nomes completos, os substituo pelos arrobas. O nome digital tornou-se algo forte e de identificação e isso acontece porque as redes ganham diariamente força motriz que altera e se funde com a realidade.

Talvez você não reconheça Fernanda Catania, mas com certeza já esbarrou em algum conteúdo da @foquinha em transmissões de prêmios e entretenimento no Instagram. Gessica Kayane talvez não seja um nome que as pessoas reconheçam facilmente, mas a @gkay, que é a identificação virtual, é conhecida por mais de 14M de seguidores. História semelhante acontece com Leonardo Coloral, um influencer de moda masculina que responde nas redes sociais por @coloraldecember para mais de 190 mil seguidores. Já não interessa mais o que está na carteira de identidade, mas sim o @.

De acordo com a Comscore, o brasileiro passa em média 47 horas por mês navegando pelas redes sociais, perdendo apenas para o México. E com todo esse tempo conectado, é muito normal que o user ou o famoso @, fique cada vez mais presente na nossa cabeça.

Mas, além disso, o @ das redes sociais ganha força por outros fatores, entre eles, a facilidade, afinal de contas são mais curtos. Também são mais “modernos”, já estão na linha de raciocínio atual, dependendo da plataforma e do momento, geram engajamento e criam diretamente link com a pessoa.

O @ se transformou em apelido midiático. Uma prova disso, é que o Brasil acompanhou a trajetória de Vitória Moraes em um dos programas de maior audiência do ano, sem saber que este era seu real nome, mas caso você queira identificar essa pessoa, ela é a @viihtube. O @ fica maior que o nome real, um fenômeno atual, mas que não assusta, se transformou em um evento comum e que a população, independentemente de faixa etária, aceita e convive.

O ‘arroba nome selecionado’ é mais que uma identificação, ele é ainda uma forma de ser a pessoa que se deseja ser.

O que antes era usado como caractere especial, torna-se uma ferramenta que possibilita às pessoas exercerem uma liberdade maior e, é claro, que as pessoas acolhem essa ideia.

Veja se esta frase não se aplica ao uso da identificação virtual: “Frutos de uma identidade, símbolos de expressão e uma nova forma de cultura”. Pois é, ela se refere originalmente a um artigo jornalístico sobre marcas corporais e tatuagens, mas serve muito bem para identificar a nossa relação, hoje, com os nomes digitais. Em outras palavras, ele se refere a algo que indiretamente está entranhado na sociedade e faz parte de uma mudança natural.

Este movimento, é claro, não aconteceu de uma vez, é uma transição que se dá diante dos nossos olhos. Pode perceber, já existem jornalistas assinando matérias usando apenas seus arrobas. Há programas de televisão que perguntam os arrobas dos convidados, e, nos podcasts, os queridinhos do momento, os nomes vêm seguidos dos arrobas.  A mudança é natural e nós fazemos parte dela. Pegue a sua rede social e dê uma olhada: além dos nomes digitais existem muitas camadas e observações que você pode extrair de lá.

Mas e aí, qual seu nome digital?

Flávio Santos, CEO e cofundador da MField

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