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Não é sobre falar mais alto, é sobre ouvir melhor (Rui Piranda)
Em um mundo onde algoritmos pretendem nos conhecer melhor do que nós mesmos, por que ainda nos sentimos tão desconectados?
Vivemos a era dos vídeos curtos, das trends efêmeras, das mensagens moldadas para “personas” e do uso frio, muitas vezes automático, da inteligência artificial. Temos mais ferramentas do que nunca, mas o diálogo verdadeiro com as pessoas continua a ser um desafio. E eu não estou criticando a tecnologia. Muito pelo contrário: as marcas podem se beneficiar imensamente se souberem aliar os recursos tecnológicos à conexão humana.
É a associação com a nossa visão holística, criatividade e escuta do indivíduo que fará com que as ferramentas sejam aplicadas de forma proveitosa. A tecnologia, quando bem utilizada, é uma grande aliada para aprofundar o entendimento sobre o público, melhorar o diálogo com clientes e personalizar a experiência. Elas nos permitem integrar dados, mapear comportamentos, antecipar necessidades. Mas deve ser meio, não fim. Seu valor está em potencializar a escuta, não em substituí-la.
O publicitário vai se aprofundar ainda mais na sua principal função: ser o curador da comunicação das marcas, alguém capaz de integrar tecnologia, dados e equipes humanas em torno de um propósito comum. Sim, vamos continuar a criar campanhas mas o sucesso virá com a formação de relações reais, em meio a todo esse excesso de estímulos. Escutar o outro ganha novas nuances em um cenário onde temos seis segundos para um outdoor e 1,7 segundo para ganhar a atenção de alguém no digital. O diferencial será ir à contramão e não pautar a comunicação de forma apenas momentânea, mas sim realmente ligada à identidade da marca. Aquilo que nos conecta com quem se aproxima de nós.
No meu dia a dia em agência, isso já se reflete em ações concretas: buscamos centralizar informações em banco de dados e investimos em personalização contínua da comunicação. E a IA está cada vez mais presente em tudo isso. Mas a tecnologia entra como ferramenta para melhorar o relacionamento, não como atalho. Mas o maior desafio, repito, está em aprimorar nossa escuta e, com isso, nos aprofundar no que pode fazer diferença na compreensão e na relação com o outro. E isso deveria marcar a vida de todos, de todas as áreas e carreiras.
A questão da escuta é tão decisiva no nosso tempo que está na pauta da próxima Bienal de São Paulo. Através da arte, a 36a Bienal pretende explicitar que a escuta constrói pontes que nos conectam. A curadoria dará voz a artistas indígenas, afrodescendentes e de diversas origens, apontando para uma nova forma de criar sentido: coletiva, plural e acessível. Quem me conhece, sabe que acredito que a arte é a mais poderosa ferramenta de comunicação. Ela nos conecta através do tempo, culturas, povos e indivíduos. Inspirados nela, podemos cumprir nosso papel e trazer essa força para o dia a dia.
Sua marca se torna mais valiosa quando deixa de ser vitrine e passa a ser um convite ao diálogo. Quando entende que seu papel não é “apenas” entregar mensagens, mas criar espaços onde as pessoas queiram pertencer.
Num cenário saturado de estímulos, vencer não é gritar mais alto. É ouvir melhor. A comunidade se tornou uma das estratégias mais poderosas da comunicação moderna justamente por isso: ela vai além da propaganda. Cria conexão. Marcas que entendem isso constroem espaços seguros, significativos e duradouros. E, nesses espaços, transformam seguidores em aliados.
As marcas que existirão amanhã são aquelas que entendem isso. A tecnologia não substitui o encontro humano, mas pode ser um artifício poderoso para que essa conexão aconteça. O que conecta, no fim, é o afeto, a conversa, a escuta.
Rui Piranda, sócio-fundador da ForAll
Leia texto anterior da seção "O Espaço é Seu", aqui.
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