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O silêncio na era da economia da atenção (Fabiana Serpa)
Vivemos em uma era onde o silêncio se tornou quase um luxo. Entre notificações, podcasts, audiobooks e feeds infinitos, criamos um mundo onde cada momento é preenchido com informação. Mas, e se justamente essa abundância de input estivesse, paradoxalmente, sufocando nossa criatividade?
Desenvolvemos uma cultura fascinante, de consumo intelectual constante. Cases, tendências, podcasts de inovação, feeds de design, memes etc. Absorvemos informação como se fosse combustível criativo direto. Há, porém, uma diferença fundamental entre input e inspiração. Às vezes, as ideias mais originais vêm de deixar o conhecimento existente se assentar, ao invés de constantemente adicionar novos ingredientes à mistura.
Vivemos uma incompatibilidade interessante: as plataformas digitais são projetadas para gratificação instantânea e engajamento constante. A criatividade precisa do oposto, ela precisa do tempo, do processamento, da incerteza. Quando nossa atenção está sendo constantemente capturada e direcionada, perdemos a capacidade de direcioná-la conscientemente.
Sutilmente passamos a temer o silêncio. No momento em que nos sentimos desestimulados, instintivamente pegamos o celular. Mas, o tédio costumava ser onde as ideias começavam. Agora é onde o scroll começa. Normalizamos um zumbido constante de notificações, vozes, atualizações. Quando não há espaço de silêncio real, onde exatamente as ideias se formam?
Feeds infinitos nos mantêm estimulados, mas não necessariamente inspirados. A inspiração real geralmente emerge do espaço entre estímulos, não de mais estímulos. O paradoxo é curioso: buscar inspiração constantemente pode nos manter presos no modo consumo, deixando pouco espaço para a criação real.
O experimento é simples: quando você interrompe o overload de informação, o que realmente fica? Muitas vezes é ansiedade, mas às vezes são ideias que estavam esperando pacientemente debaixo de todo aquele barulho.
A criatividade não precisa de mais combustível. Ela precisa de espaço para respirar. A ironia é que nossa obsessão por produtividade pode ser o maior obstáculo à criatividade real. Esse espaço se encontra nos pequenos vazios que naturalmente existem no dia – momentos que frequentemente sentimos a necessidade de otimizar ou que tendemos a ver como tempo perdido.
Fabiana Serpa, diretora de cena da Dlktsn
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