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Festival do Clube

'Acreditamos que é possível desafiar a indústria', diz Pupo, da Atlantic NY

12.11.25

O painel "Pelos corredores da Atlantic New York (Adage Small Agency of the Year em 2023)", no Festival do Clube 2025, foi um mergulho em irreverência e pensamento criativo, apresentado por Marco Pupo, cofundador e CCO da agência (ao lado de João Coutinho).

Pupo contou que o que diferencia a Atlantic NY, sediada no Brooklyn, é a "filosofia da contracorrente", conceito apresentado pelo designer Samuel Simões, e que direciona tudo hoje na agência. “Nosso exercício diário é olhar para onde todas as tendências e clichês vão e, propositalmente, experimentar o contrário”, contou Pupo.

Criada com investimento de U$ 6 mil dólares, sendo metade de cada cofundador, e sem clientes, a agência nasceu do sonho de dois imigrantes vivendo em Nova York, que, apesar de ser morada de gente de toda parte do mundo, nem sempre facilita a vida de quem está lutando por um espaço no mercado de trabalho.

A primeira sede da Atlantic foi literalmente um barco com deck e vista para Manhattan, inaugurado durante a pandemia para garantir reuniões "ao ar livre" (leia aqui). “Pensávamos que os clientes não iam querer visitar a gente ali, mas eles iam e se inspiravam, contavam para os outros”, lembrou Pupo. O barco hoje é um espaço de eventos e pitches, já que a Atlantic opera também um estúdio no Dumbo, área cool do Brooklyn, e mantém uma equipe diversa. “Contratamos muita gente com background completamente diferente, que não vem dessa indústria, e isso muda tudo”, declarou.

Com uma cultura que desafia padrões, a agência tem valores como a política obrigatória de férias para todos, em um mercado onde o direito às férias depende do cargo e/ou do tempo de empresa. “Na Atlantic, todo mundo tira férias. Quem não tira, tem ‘punição’, como apertar parafuso no barco”, brincou Pupo.

Para uma indústria acostumada a trabalhar sem pausa nem hora para parar, ele compartilhou que, em cinco anos, contam-se nos dedos da mão os finais de semana que tiveram que trabalhar. Além disso, fecharam a agência nos últimos cinco dias de verão para que os funcionários – atualmente 18 – pudessem aproveitar o final da estação. Para quem mora em lugares como a Big Apple, onde o inverno costuma ser longo e inclemente, benefícios assim valem Titanium. “Claro que conversamos com os clientes e programamos tudo com antecedência, alguns estranham, mas, aos poucos, eles vão entendendo essas políticas e nossos valores”, conta Pupo.

Um dos cases que foram apresentados foi criado para a última loja da Blockbuster existente no mundo, localizada no estado do Oregon, nos Estados Unidos (veja aqui). Caso alguém não tenha a referência, essa já foi uma das maiores locadoras de filmes do mundo. A Atlantic NY colocou o anunciante no Super Bowl, sim, a maior e mais cara vitrine de comerciais do mundo, e com um investimento de menos de 10 mil dólares que gerou muita mídia espontânea, com destaque nos principais jornais dos Estados Unidos.

Além de ajudar nas vendas do small business, a campanha ainda ressuscitou uma marca que foi comprada em 2011 pela Dish Network – operadora norte-americana de TV por satélite e serviços de IPTV – por U$ 320 milhões. Só quem não deve ter gostado do resultado foram os pais da proprietária da loja, que tiveram que abrir mão da aposentadoria e ajudar a filha pela alta demanda nas semanas seguintes ao Super Bowl.

Outro destaque foi uma campanha para o TikTok, desta vez sem ter que trabalhar com baixo orçamento, que transformou a proibição de celulares em festivais de música numa experiência criativa e interativa (conheça o case aqui).

Pupo também mostrou o primeiro trabalho que fizeram envolvendo países da América Latina – Peru, Equador, Paraguai e Panamá –, para Heineken. Eles transformaram workshops corporativos, agendados propositalmente durante a Champions League – quando todos querem folga para assistir a final – em festas surpresa, com exibição da Liga dos Campeões (assista aqui).

O criativo e empreendedor também levou para o palco case onde transformaram um medo do público, de que a Amazon Prime Video decidisse "mudar o jogo" em relação à sua parceria realizada para a transmissão da NFL, em uma piada com uma bola gigante no formato do símbolo da marca, a “Amazon Prime Ball”, que acabou viralizando (conheça o trabalho aqui).

Consciente de que os clientes são impactados pelo que a agência faz com a própria marca, Pupo contou ainda sobre as maneiras nada convencionais de entrar em contato com anunciantes presentes, por exemplo,  no Cannes LionsEm 2023, enquanto as grandes agências alugavam iates luxuosos para fazer networking, a Atlantic NY lançou o Atlantic City Car Service (veja aqui),, oferecendo caronas gratuitas do aeroporto de Nice até Cannes, trajeto obrigatório para quem vai ao evento — dentro de uma van onde os passageiros ouviam um pitch da agência.

Outro exemplo de abordagem não convencional aconteceu também em Cannes, em 2024, quando eles criaram a própria concorrência com uma RFP (Request for Proposal) reversa, no qual eles "escolhiam" os clientes que queriam atender, enviando e-mails para cerca de 200 marcas. “Mais do que os e-mails, o PR que isso gerou trouxe visibilidade e interesse de novos clientes”. O local dos encontros com os clientes era o modesto Arcohotel, perto do Palais des Festivals. E a brincadeira era que o hotel era 2 estrelas, mas a agência era 5. Uma das concorrências que chegou por meio dessa ação foi de Heinz. E em 2025, lançaram o Losers Dinner, um jantar para os clientes que não ganharam prêmios, parodiando o Winners Dinner oficial do Cannes Lions. Não deu muito resultado, pelo menos por enquanto, mas foi bastante comentado.

Se o objetivo é fazer novos negócios, por que fazer do jeito antigo?”, provocou Pupo. Com estratégias diferenciadas, a Atlantic continua crescendo. “É difícil ganhar uma concorrência de uma grande agência, o que até acontece, mas nosso time todo tem o tamanho do time que algumas colocam em apenas um pitch. Então, entramos nas conversas com boas ideias”, diz ele, que conclui: “O mais legal de ser 100% independente é poder fazer, sem filtros. Às vezes nem sabemos se vai dar certo, mas a gente tem a liberdade de tentar. Acreditamos que é possível desafiar a indústria.

Rita Durigan

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