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Cannes 2007

“Vou pensar se minha agência inscreverá peças em Cannes novamente”

18.06.07

Dizendo-se 'chocado' com o que viu no julgamento do Lions Direct, o jurado brasileiro na categoria, Flávio Salles, que é presidente da Sun MRM Worldwide, afirma que vai reavaliar a participação de sua agência no Festival de Cannes daqui para frente. “Vou pensar seriamente se a Sun vai inscrever novamente cases no Lions Direct".


Sobre esta edição, em especial, Salles diz: "O presidente do júri de Direct, Rory Sutherland, fez esse festival ser ruim, pouco sério, e não achei justo submeter os trabalhos de minha agência à forma como ele conduziu o julgamento”, afirma Salles.


O jurado brasileiro conta que Sutherland não promoveu uma rodada de repescagem aberta, como é praxe no festival, em todas as categorias, no momento de serem definidos os Leões. E explica: “Para merecer Leão, um trabalho do shortlist precisa ter o apoio de no mínimo 20 dos 30 jurados. Aquilo que tinha 14 ou 15 votos mas Sutherland achava que devia entrar, ou porque gostava do case ou porque tinha algum interesse particular envolvendo o trabalho, ele puxava até chegar aos 20, chegando a fazer até cinco repescagens para chegar aos pontos necessários. Fazia de duas a até cinco repescagens apenas para o que ele queria. Mas cases que haviam conseguido 16 ou 17 votos, ele não chamava para a repescagem".


Salles critica ainda a organização do Festival de Cannes, que não orienta direito os presidentes do júri. “Se todos os presidentes forem como Sutherland, está claro que esse festival não é sério”, diz. Mas ele ameniza as críticas ao afirmar que andou consultando jurados de outras categorias e ficou mais tranqüilo ao constatar que nenhum presidente de júri age como o de Direct deste ano. “Da forma como o presidente do Direct Lions conduziu o julgamento, fica evidente que não há Justiça".


O fato de haver uma maioria de jurados da Europa também prejudica os trabalhos de agências que não são do mesmo continente. Salles diz que entre os 30 jurados 17 são da Europa e 13 do resto do mundo. Esses 17 já têm mais familiaridade com os trabalhos do continente, pois os conhecem de festivais e prêmios regionais, então, nada precisa ser muito explicado. Já os trabalhos da Ásia, das Américas ou da África precisavam ser explicados. “Além disso, os europeus são muito fechados em sua própria cultura e aquilo que não se enquadra no estilo deles, eles desconsideram ou desmerecem”, comenta.


Salles disse que conversou com um jurado de Promo que elogiou muito a atuação de Geraldo Rocha Azevedo como presidente do júri da categoria. “Me disseram que ele foi muito correto, ponderado, sem ficar puxando votos como aconteceu no Direct, exercendo realmente as funções de mediador”, afirma. E termina com o questionamento: “Quem garante que no ano que vem o presidente do júri de Direct será correto como Geraldo ou vai promover uma ‘baixaria’ no julgamento, como foi o que fez o Sutherland?”.


Comentários

João Paulo - Parabéns Salles pela coragem e ética de "colocar a boca no trombone". Você preferiu contar a triste verdade para os publicitários brasileiros, mesmo sendo passível de não ser mais chamado para Cannes. Mas afinal, se a coisa está tão feia assim, acho que você deve ter perdido essa vontade por lá mesmo. Parabéns. j.paulo@gmail.com


Chiquinho - Esse fato foi um banho de água fria para as agências de marketing direto brasileiras. A gente inscreveu dois cases muito legais, com chance de ganhar leão, e no entanto, pelo seu desabafo, prevaleceu a marmelada. Assim fica difícil. De qualquer forma, Flavio, parabéns por ter colocado a boca no trombone. Abraço. Chiquinho Diretor de Criação Sunset Comunicação chiquinho@sunsetcom.com.br


MB - Gostaria de parabenizar o Salles tambem, concordo plenamente com suas palavras. E olha que nem pra Cannes eu fui. Esse tipo de politicagem so atrapalha e prejudica um festival tao importante como Cannes. Acredito que nao ira acontecer sempre. Continue inscrevendo pecas, pois no ano que vem talvez haja mais justica com nossos cases. Um abraco mbrito2@gmail.com



 

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