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Bom storytelling é como bom sexo
Num papo que durou 45 minutos no Palais des Festivals, a editora de opinião do The New York Times, Maureen Dowd, e a produtora-executiva de Downton Abbey, Rebecca Eaton, discutiram como se conta uma boa história. O criador do seriado Newsroom, Aaron Sorkin, também estava escalado para o papo, mas cancelou sua participação.
Como boa contadora de histórias, Maureen começou a palestra relembrando uma entrevista sua com o presidente norte-americano Barack Obama, num voo entre Paris e Berlim. Ali, ela o presentou com um DVD de Mad Men. Ele teria dito que o presente era uma indireta à relação de Obama com o cigarro (hoje ele se declara ex-fumante), já que cenas com fumantes são uma constante no seriado. Ela teria retrucado que, na verdade, o presente se devia à subtrama da série: solidão, algo caro a um presidente norte-americano. Em seguida, ela lembrou da fixação de Obama por séries (House of Cards e Downton Abbey são algumas delas).
O principal ponto de Maureen ao ligar Obama ao interesse por narrativas é que histórias continuam movendo a humanidade, independentemente de quão avançada a tecnologia esteja. "Tenho certeza de que o (Charles) Dickens teria Twitter se vivesse hoje. Ele se inspirava dentro de um coche em velocidade", brincou a jornalista.
Em seguida, foi a vez de Rebecca compartilhar suas impressões sobre storytelling. "Uma boa história, para mim, precisa ter uma personagem com quem me importe; que algo aconteça com ela para me manter ocupada - e que haja uma resolução do que quer que aconteça", resumiu a produtora.
Ainda segundo ela, é difícil, no entanto, dizer claramente o que diferencia uma boa história de uma ruim. "Storytelling é como sexo: quando você está nas mãos de alguém bom, você simplesmente reconhece a qualidade", disse, arrancando gargalhadas da plateia.
Por fim, falando do processo criativo de Julian Fellowes, o roteirista de Downton Abbey, Rebecca afirmou que imagina que ele brinca com os personagens na própria cabeça: "Todos já brincamos com soldadinhos de guerra em algum ponto da vida. Acho que ele faz a mesma coisa, mas na cabeça, com os personagens da série."
O papo terminou com uma sessão de perguntas e respostas entre as duas participantes - que, diferentemente da analogia com sexo, não empolgou muito a audiência do Grand Audi.