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Código da Consciência

ONGs e AKQA lançam sistema contra desmatamento

04.09.19

As queimadas da Amazônia chamaram atenção do mundo em agosto a ponto de gerarem tensão entre o governo brasileiro e países membros do G7, notadamente a França. Em um momento, o presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer que ONGs poderiam estar por trás de "ações criminosas" ligadas ao crescimento dos focos de incêndio na região, provocando mais polêmica. O fato é que ONGs e instituições dedicadas à proteção de florestas estão lançando com a AKQA São Paulo o Código da Consciência - ou Code of Conscience em inglês.

Trata-se de um software gratuito e de código aberto que pretende usar linhas de programação para restringir o uso de maquinário pesado em áreas protegidas. O projeto consiste no uso de dados do World Database on Protected Areas, da ONU - que é constantemente atualizado por ONGs, governos e comunidades locais -, e de um chip contendo GPS, 4G e armazenamento de dados, além do código. Esse sistema pode ser adotado por fabricantes desse  maquinário.

Por meio da combinação de dados (o GPS e as informações da ONU), é possível detectar quando as máquinas entram em área protegida. Se houver invasão desse ambiente, o motorista recebe uma notificação. Se ele continuar avançando, a máquina poderá ser desativada pelo sistema.

O chip foi desenvolvido pela TEKT Industries. O projeto foi idealizado foi idealizado pela AKQA em São Paulo e foi viabilizado tecnicamente pela AKQA Australia. Entre os parceiros da ação estão Instituto Raoni, Ipam Amazônia, Idesam, Instituto Peabiru e Ecam. Com o Código da Consciência, essa rede visa combater o desmatamento, que aumenta a ocorrência e expansão de queimadas. O site criado para o projeto informa que um terço das reservas naturais estão sob ameaça da ação humana. “É difícil impedir os homens de destruir nosso planeta, mas podemos parar as máquinas que eles usam”.

Dados do INPE indicam que o desmatamento da Amazônia aumentou 278% em julho de 2019. Algumas áreas reviradas pelas máquinas sofreram danos tão graves que elas não têm possibilidade de regeneração completa. “Que os fabricantes de tratores e os chefes todos venham e vejam isso. Para que os tratores operem, mas parem quando chegarem à nossa terra, à nossa floresta e assim ela continuar existindo. É para que tenhamos consciência e para que a floresta fique de pé”, explica o cacique Raoni Metuktire, líder Kayapó e parceiro do projeto. Ele protagoniza um dos vídeos que apresenta o projeto (veja abaixo).

A destruição ilegal da natureza impacta todos, seja na diminuição da biodiversidade, na violência contra comunidades, na degradação do solo ou, em última instância, no aquecimento global. O projeto oferece às fabricantes de veículos pesados, pela primeira vez, a oportunidade de também participarem da solução desse problema”, afirma Hugo Veiga, diretor executivo de criação da AKQA, em comunicado. A agência acredita na viabilidade econômica do projeto: uma fabricante poderia ganhar clientes conectados às demandas por um mundo mais sustentável e que reconheçam as vantagens econômicas de assumir uma postura consciente.

Esculturas

Foi enviada uma carta a CEOs das dez maiores fabricantes de equipamentos de construção do mundo - Caterpillar, Komatsu, Hitachi CM, Volvo CE, Liebherr, XCMG, Doosan Infracore, Sany, John Deere e JCB -, com o chip e uma escultura de animais ameaçados de extinção. As peças foram feitas com restos de madeira, representando a necessidade de conservar florestas.

Aos consumidores, os criadores do projeto pedem que eles os ajudem a pressionar as empresas a adotar o código em suas máquinas. Também estão sendo procuradas empresas que tenham atividades econômicas relacionadas à Amazônia, para que elas passem a exigir que fornecedores e parceiros instalem o Código da Consciência.

Código da Consciência

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