Criado-Mudo

Putz, meu criado-mudo é uma zona.
A bagunça impera.
Trânsito na Cidade do México.
Quarto de adolescente.
Fios de cabelo em cabeça de gente moderna.
Confusão total.
Tem mais confusão do que em texto de trailer de filme da sessão da tarde.
Tem livros, cronômetro e peça de bicicleta.
Uma coisa não combina com a outra.
Tipo homem que é vestido pela esposa. E ela viajou.
Você pode encontrar lá, ou melhor, tem lá: revistas, gibis, DVDs.
Mas não fique com a impressão errada.
Não tem nada do estilo Fnac de ser.
Está mais para Stand Center da Paulista.
A sensação ao viver ao lado dele é de vitrine em viagem: se gostar de alguma coisa pegue na hora porque depois não encontra mais.
E ao pegar algo, imediatamente outro algo cai no chão.
Afinal de contas, há lugar melhor para guardar o brigadeiro que a Júlia não quer mais? Resto de mamadeira?
E um controle remoto de um DVD que a gente já deu faz tempo?
Documento velho, então? Feitos um para o outro!
Porque se existe uma coisa importante nesta vida é ter sempre à mão uma Veja de Agosto de 2003.
Se tiver briga em casa e minha mulher resolver atirar alguma coisa em mim, a variedade na munição é tanta que posso morrer por arma branca, envenenamento ou entender como convite para uma furunfada.
Já o livro que estou lendo, evito deixar lá.
Legal de livro é conseguir ler até o fim.
E descobri que para isso acontecer é importantíssimo saber onde ele está.

Fabio Brandão, diretor de criação da JWT

 Comentários

LUCIEIDE OLIVEIRA - Meu Deus! Seu criado-mudo me deu medo! (não seria ele um"criado-medo"? rs) Ótimo texto!

 Tabu - Fabinho, vc continua genial. Que texto! Que fluidez! Que irreverência! A gente que te conhece tão bem sabe que vc é assim: simplesmente brilhante.

Ylu - Mas é claro, moça (Lucieide) que o texto dele é ÓTIMO, senão ele nem faria o que faz. Aliás, os "Trocadalhos do Carilho" constantes em seu criado estão muito melhores do que este seu último né, foffa!