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O meu é só uma estantezinha branca com dois andares, sem gavetas
Meu criado-mudo é só uma estantezinha branca com dois andares, sem gavetas.
Embaixo, livros modernos, legais e decorativos que geralmente
servem só para decoração mesmo. Exemplo: o moderno, decorativo e totalmente dispensável Life Style, do igualmente supérfluo Bruce Mau.
Tem um do Paul Smith: "You Can Find Inspiration in Everything". Um livro tão raso e bobo que se contradiz já no título. E dois grandes volumes com o melhor da arte americana no século XX, ou seja, quase nada. Tem ainda uma outra biografia menos famosa do Andy Kaufman, provavelmente porque é pior e mais mal escrita mesmo. Descansando sobre essas obras, uma Pentax 35 mm (ZX10, acho) que eu sempre juro que vou voltar a usar, que foto digital é um lixo, que isso, que aquilo, e a coitada ali mofando. Perto dela, bem à mão, deixo uma garrafa de meio litro de Pepto-Bismol, uma espécie de suco de Barbie, uma nitroglicerina cor-de-rosa que põe minha hérnia de hiato para dormir de vez em quando.
No andar de cima, dois livros. Um que estou começando a começar a ler (comigo é assim: um processo): a biografia do pai do meu amigo João Vicente, "75 kg de Músculos e Fúria", sobre o polêmico jornalista Tarso de Castro. O outro livro (meio relacionado a trabalho) é do Steven Johnson: "Everything Bad Is Good For You", que é bem interessante, estou quase no meio. No meu ritmo, ano que vem eu termino, certeza.
Ao lado desses livros, um despertador/rádio/relógio da famosíssima marca chinesa Jwin comprado no falecido Promocenter por uns 50 paus, mas que, tchan tchan, plojeta as hólas na palêde. Não pode ser mais brega. Ele me acorda às terças e quintas às 4h27 para alongar e correr, e às 6h07 todos os outros dias. Menos aos sábados, domingos e dias santos. Daí quem me acorda é um outro despertador, de 6 anos e longos cabelos pretos, chamado Helena, que dispara muito muito cedo,
às vezes antes das galinhas. Seu toque insistente decreta: "Acorda, papai. Hoje você não trabalha." E ela fica ali, sentadinha, sorrindo. Bem em cima do meu criado-mudo.
Guime Davidson, diretor de arte da W/Brasil
Comentários
Karina Kattan - esse cara, além de ser incrível com as imagens é doce com as palavras. Sou fã deste multimedia man chamado Guime. Ele está passando por uma fase chata, sem poder falar muito. Acho que isso colaborou com a vontade de escrever. Viva fase da vida! bjs klk karinak@wbrasil.com.br
Beth - Se "criado-mudo" fala-se hein ... rs Desejo que vc resolva seu problema da melhor forma possível e que essa vontade de
escrever nunca lhe falte. E da próxima vez, tire uma foto sorrindo. rs beth@wbrasil.com.br
Tia Banana - Essa criatura é o Michelangelo da eloqüencia. Comecei a ler sorrindo e terminei com os olhos marejados. O que fica é a vontade incomensurável de ser a sua melhor amiga.
anaclaudia@ferreiranetto.adv.br
Jose Eduardo Avino Fernandez - Guime eu sou seu fã!!!!!!Zé da Angels. zeangels@terra.com.br
patricia mariani - Ei Guime! Não te conheço mas temos algo em comum...um criado mudo branco com livros que vou lendo... uns com sofreguidão, outros com uma preguiça que só quem teve muita lição de casa quando criança conhece...mas te escrevo primeiro pra dizer que adorei o seu textinho e segundo pra vc "desfranzir a sobrancelha" que seu elixir cor de rosa vai fazer mais efeito. Sei disso porque já sou meia velhinha e já aprendi a potencializar meus elixires...(é assim que se escreve este plural???) bjs Patricia Mariani patriciamariani@fulljazz.com.br
Sewirmão - Você é meu fã! E eu sou fã dos seus 2 despertadores! Sua redação é mesmo ímpar - forma e conteúdo. As raízes eu conheço de perto. Mas não cala a pergunta: donde virá tanta inspiração? bj do tchukuka
g - Já eu acho que, sem o franzir da sobrancelha, o Guime perderia parte de sua eloqüência!