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Despertador, sonhos e retrato
Meu criado-mudo é falante. Tem um iPod sobre ele que conversa de música com gente boa da literatura. Um livro do Alain de Botton, chamado Desejo de Status, divide o pouco espaço com o despertador ordinário que interrompe meus sonhos, um porta-retrato da minha mulher sorrindo e coisas do João.
Tem um Nick Hornby que deveria dividir o aluguel, porque está morando ali, creio eu, faz quase um ano. O novo do Paul Auster ainda está intacto, esperando a sua vez para o sacrifício, a Imortalidade, do Milan Kundera, já foi lido e relido e agora fica ali, não querendo ser esquecido entre as centenas de outros que vão parar no armário-cemitério do corredor.
Tem um Philip Roth persistente, uma Uncut com todos os CDs que eu preciso e todos que eu não sabia que iria precisar. O abajur é simples e de uma cor-de-burro-abóbora-quando-foge que ilumina os pensamentos enquanto o sono não vem. Ah, tem a gaveta. Dessa, prefiro nem falar. Aliás, até posso falar. Mas só depois de organizar e colocar algumas coisas fora. Caraca, acabo de descobrir por que nunca arrumei essa maldita gaveta durante todos esses anos.
Zico Farina, redator da Y&R