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Argentina cria sistema para medir audiência
Desconfiado das medições de audiência do Ibope, o governo da Argentina decidiu atacar publicamente o instituto de pesquisa e construir um sistema estatal para saber o que as pessoas estão vendo na TV.
O novo índice de audiência televisiva ficará a cargo da Afsca, Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual, ligada à Casa Rosada. Ela acusa o Ibope de "práticas monopólicas" e de "falta de transparência".
A entidade está comprando quatro mil "people-meters", aparelhos que são instalados nas TVs para acompanhar a troca de canais pelos telespectadores, em tempo real.
Um conselho de universidades federais supervisionará a implantação do índice. "Faremos um processo em duas etapas", disse ao Valor o diretor de supervisão e avaliação da Afsca, Gustavo Bulla.
A primeira, segundo ele, funcionará em julho com dois mil aparelhos que medirão a audiência na região metropolitana de Buenos Aires.
A segunda, até o fim do ano, envolverá outros dois mil aparelhos nas capitais do interior com um milhão de habitantes ou mais, como Córdoba, Rosário e Mendoza. "O sistema será auditado pelas universidades e seus resultados serão de acesso livre e gratuito. Não haverá a necessidade de assinatura."
Para o diretor da Afsca, o novo índice refletirá melhor a audiência do Canal 7, como é conhecida a TV pública na Argentina. "O Canal 7 é um dos mais maltratados pelas medições do Ibope. Qualquer um vê que sua influência maior está no interior do país, o que hoje não é devidamente quantificado."
Num processo contra o Ibope que tramita na Comissão Nacional de Defesa da Concorrência, por suposta manipulação de números, esse argumento já havia surgido.
O presidente da TV pública, Tristán Bauer, anexou ao processo uma carta na qual diz que a audiência da emissora atingiu, no horário nobre, 16,5 pontos em janeiro - três vezes o que indica o Ibope.
Para isso, valeu-se de dados apurados pela consultoria Aresco, contratada para fazer a medição telefônica de audiência por meio de 3.200 ligações entre 20h e meia-noite.
Bulla acredita que o novo índice afetará a divisão do bolo publicitário, mas avalia que a iniciativa não deve ser entendida pelo aspecto econômico ou comercial.
"O pior dano causado por uma medição inadequada é a ausência de riscos criativos, pelo temor de que um programa não seja viável. Isso alimenta um fenômeno mundial: a TV ficou muito repetitiva. E afeta principalmente a televisão aberta, que se financia pela publicidade."