Festival do CCSP 2013

Muita gente que trabalha no mercado publicitário sonha em abrir sua própria agência, seja pela vontade de poder atuar de acordo com suas próprias convicções ou por desejar mais grana ou maior desafio em sua trajetória profissional.



Mas qual é, de fato, o cenário encontrado por quem se aventura a colocar em prática este projeto? Essa foi a questão central discutida no painel “Eu abri uma agência”. Sob a moderação de Fernando Campos, da Santa Clara, a mesa reuniu Alexandre Peralta, da Peralta; Ícaro Doria, da Wieden+Kennedy; Fico Meirelles, da Moma; e Rodrigo Leão, da Casa Darwin. Todos relembraram os primeiros anos como empreendedores e opinaram sobre o espaço das pequenas e médias agências no mercado publicitário, tendo como base suas próprias experiências.



O debate teve início com opiniões unânimes de que a principal tarefa a ser cumprida antes de se abrir uma agência é o planejamento estratégico. “Geralmente, profissionais criativos não têm noção dos processos burocráticos nos quais deverão não apenas se envolver, mas decidir. A importância de investir em alguém de confiança e que entenda de finanças é também fundamental para que os primeiros anos aconteçam de forma tranquila”, aconselhou Meirelles. “Além disso, acho importante ter uma boa experiência na área, boa reputação, portfólio bacana e contatos relevantes”, complementa.



Peralta, por sua vez, ressaltou a importância de poder contar com uma equipe não apenas disposta, mas talentosa e experiente. “Quando minha agência ganhou a primeira conta grande, entrei em um dilema em relação à verba disponível: poderia contratar uns 30 caras 'juniores' ou quatro 'seniores', com salários altos. Contratei esses quatro, com cargos de chefia (vps), que eram só no papel, porque abaixo deles não tínhamos outros funcionários (risos). Isso porque, aparecer em uma concorrência com recém-formados, não dava. Mas aparecer com um time de ponta, fez toda diferença no nosso crescimento. O interessante da experiência foi que, a partir daí, juntos, arregaçamos as mangas e fizemos a agência crescer abaixo de nós”, revelou.



A relação entre clientes, grupos globais e agências consideradas independentes também foi abordada durante o debate. Doria foi enfático ao dizer que a identidade única dessas últimas é o maior diferencial que podem oferecer às empresas, e que por isso não devem tentar “igualar-se ou adotar processos que visam copiar as dinâmicas das grandes agências”.



“Acho importante você ter claras suas convicções ao abrir sua agência, e manter-se firme nelas. Se você dança muito conforme a música, perde aquilo que te faz diferente. Você deve primar pela qualidade do seu trabalho, dentro da filosofia do seu trabalho, e não apenas produzir aquilo que acha que o cliente vai querer ouvir, para tentar agradá-lo”, acredita.



Leão complementou o assunto afirmando que da forma que ocorre hoje o relacionamento entre agências e empresas anunciantes, em geral, se perde o foco no mais importante: o consumidor final. “Uma coisa é fazer peças para ganhar prêmios em Cannes, e outra é criar algo relevante para o consumidor daquela marca que representamos. Vejo uma dificuldade muito grande em entender o que o consumidor quer. Dá para criar campanhas bacanas sem perder o respeito pela verdade de quem realmente importa”, defendeu.



Campos encerrou o encontro discorrendo sobre a importância da integração entre os diversos setores de uma pequena ou média agência para que ela sobreviva em meio ao competitivo mercado. "Essa história de que criativos só devem criar, de que o atendimento é o único a ter contato com o cliente, isso não funciona em uma agência que não seja de grande porte. Nossa conversa tem que ser eficiente, todo mundo tem que estar inteirado e entender do cliente, de forma geral. Esse é o diferencial que gera confiança e credibilidade para que possamos participar de forma justa de nosso mercado”, concluiu.



Mariana Barbosa



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