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Festival do CCSP 2013

O Brasil ainda é referência em direção de arte?

26.09.13


O Brasil ainda é referência em direção de arte? A pergunta foi tema de palestra do terceiro e último dia do Festival do CCSP 2013, que aconteceu no Memorial da América Latina, entre 20 e 22 de setembro.



O painel teve como mediadora Keka Morelle, diretora de criação da DM9DDB, e contou com a participação de Stephan Ko, diretor de criação da Fischer&Friends, Alexandre "Rato" Pagano, diretor de criação Leo Burnett Tailor Made, Felipe Luchi, diretor de criação da Lew’LaraTBWA, e Erh Ray, fundador e ex-sócio da BorghiErh/Lowe.



Para todos os presentes, o trabalho de direção de arte desenvolvido no Brasil continua mantendo a alta qualidade de antes, mas com algumas diferenças importantes. “Antes, havia uma estética brasileira de direção de arte. Você olhava uma peça num festival internacional e era fácil dizer que tinha sido feita por uma agência brasileira. Hoje, já não é mais assim”, analisa Stephan Ko. A opinião é compartilhada por Alexandre Rato Pagano. “E tem muita gente boa trabalhando fora. Os diretores de arte brasileiros ainda são relevantes, mas hoje estão espalhados pelo mundo”, pontua.



“Antes a gente era referência em impresso, mas agora a mídia impressa não tem mais tanto peso”, analisa Keka Morelle (leia mais sobre esta questão aqui). O aparecimento de novos formatos, cada um com sua linguagem, interferiu na forma de criar, e, mais especificamente, na forma por meio da qual a direção de arte concebe a identidade visual das peças. “Antes, a gente sentava, definia uma estética e era aquela a cara da campanha. Hoje, a equipe é muito maior, às vezes com várias agências envolvidas. O desafio é descobrir como manter a mesma estética em todas as peças”, diz Keka. A opinião é compartilhada por Felipe Luchi. “Você não tem mais autonomia nenhuma. Antes era só o diretor de arte, mas hoje tem muito mais gente envolvida, pensando para os vários formatos, várias plataformas”, diz ele.



Outro fator que tem gerado mudança na direção de arte brasileira é a disseminação do uso da internet como ferramenta e das novas tecnologias. “Todas as grandes peças hoje têm por trás muita tecnologia. Antes havia a síntese da ideia e saíamos em busca de meios para realizá-la. A gente não tinha internet, não existia isso. As nossas referências eram as revistas importadas, o cinema. Hoje é só dar uma busca na web que está tudo lá”, diz Erh Ray.



Em sua opinião, é importante tomar cuidado para não se deixar de lado a boa pesquisa e o foco na concepção, em si. “Estamos nos tornando vítimas das referências. Falta sentar, 'rafear' e pensar como se vai produzir aquela imagem. Hoje, você encomenda qualquer coisa para o responsável pelo 3D e ele faz. Temos que usar a tecnologia, é claro. Mas acho que a gente tem que se dedicar um pouco mais antes de produzir”, defende Ray.



Ko aponta a globalização das campanhas como um desafio para se manter uma estética nacional. “Temos que fazer uma coisa que funcione aqui, na Ásia, na Europa. Isso torna mais difícil colocar a identidade do lugar, que é uma das riquezas da direção de arte”.



Para Ray, a oportunidade para se manter uma identidade são as campanhas criadas para os clientes locais, onde as características regionais funcionam como diferencial criativo. “Nosso oficio é a ourivesaria. No mínimo, uma peça de publicidade tem que ser linda. Nós somos chefes de cozinha. Temos de ir atrás das especiarias, dos ingredientes e pensar na própria preparação do prato”, finaliza.



Valerya Borges



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