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Festival do CCSP 2013

Contra 'ideias com ficha de inscrição'

21.09.13


A velha e recorrente discussão sobre a valorização dos prêmios e a presença de peças fantasmas em festivais foram os temas principais do painel "Quanto vale um prêmio?", que abriu o segundo dia do Festival do CCSP 2013.



Mediado por Luciana Ceccato, da The Talent Business, o time de convidados para debater o assunto era formado por Hugo Rodrigues, da Publicis, Marcos Medeiros, da AlmapBBDO, Roberto Fernandez, da Ogilvy, e Ricardo John, da JWT.



Luciana, de cara, provocou os convidados e a plateia, relembrando uma colocação que ela fez ano passado neste mesmo Festival: "Tive uma reunião com os escritórios de Nova York e de Londres da minha companhia e a discussão era sobre se valeria ou não contratar um criativo brasileiro. Eles alegavam que os brasileiros eram brilhantes apenas fora do briefing", disse, fazendo referência à fama de nossos profissionais de criar os chamados 'fantasmas'.



"Eles são um bando de invejosos, isso sim. A gente se preocupa demais com o que os outros falam", esbravejou Rodrigues, em um tom bem humorado. Beto Fernandez foi enfático. "Na Rússia, na Espanha e na Argentina também vemos muitos fantasmas. É um grande mito que isso só é feito no Brasil. O fantasma de hoje só ajuda em quantidade. Os grandes prêmios, há vários anos, são entregues a grandes ideias, multicategorias, que são blockbusters antes mesmo de chegarem a Cannes", lembrou.



John fez uma boa - e sincera - comparação ao falar de fantasmas. "Às vezes precisamos dar uma de Lance Armstrong. Precisamos de um doping, mas não é sempre assim", comparou. O fato é que, no jogo global de hoje, as grandes companhias precisam estar bem ranqueadas em certas listas para ganharem algumas contas. "Há uma grande competição mundial entre os grupos, e isso mudou o esquema. Às vezes, quando muda o diretor de marketing global de uma marca, ele troca de agência e entrega a conta para a número 1 ou 2 do Gunn Report. Simples assim", explicou o CCO da Publicis Brasil. "O valor de um prêmio é muito grande hoje porque as marcas entraram no jogo. Passa a a ter relevância na carreira do criativo e na do executivo de marketing. Aí é que mora o perigo", reforçou Medeiros.



Mas a performance em Cannes, por vezes, não é super valorizada? Para o diretor de criação da Almap, sim. "Estamos absolutamente viciados em Cannes. Isso é um tremendo erro. As ideias precisam parar de nascer já com 'ficha de inscrição'. Por outro lado, paramos de torcer contras as outras agências brasileiras. Hoje, ficamos felizes ao ver um case como o Dovel Real Beuaty Sketches ganhar absolutamente tudo. As coisas estão melhorando a passos largos. Isso está acontecendo porque as campanhas já viraram um grande sucesso antres mesmo de chegarem em Cannes", reforçou.



Para Hugo, o amadurecimento do mercado é latente. "Ganhar prêmios com marcas mundiais, como Swatch e Dove, nos traz clientes que são focados em resultados. Estamos longe do ideal, mas já existe essa conscientização", destacou. A afirmação é unânime: quando o cliente percebe que o prêmio só vai render para o criativo e para a agência, já sabe que a relação não vai durar muito tempo. "Não é o prêmio que diz se você é bom ou não. Mas é ele que faz as pessoas olharem para você", alegou Beto Fernandez.



Renato Pezzotti



Instagram do Festival do CCSP: "Festival do CCSP 2013"

#FestivalCCSP #unbovineyourself



Serviço:



Festival do Clube de Criação de São Paulo

Quando: dias 20, 21 e 22 de setembro (sexta-feira, sábado, domingo)

Onde: Memorial da América Latina – Barra Funda – São Paulo

Estacionamento no local e metrô ao lado

Fan page: http://www.festivaldoccsp.com.br


Festival do CCSP 2013

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