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O artista precisa do ócio e da preguiça para criar
Criativos de diferentes áreas defendem mais liberdade para criação e não veem sentido no atual desenho das agências de publicidade. Essa frase pode ser o resumo da mesa We Art What We Eat, proposta ao CCSP pela produtora Zola, que realizou a curadoria deste painel, em específico.
Gastar um bom tempo vivendo e observando as idiossincrasias do cotidiano é a receita de criativos para encontrar ideias que escapem dos clichês da indústria publicitária. O difícil e etéreo tema do processo criativo foi o centro dos debates da mesa, no primeiro dia do Festival do CCSP 2013, que reuniu profissionais de diferentes áreas, como o estilista Ronaldo Fraga, o músico André Abujamra, o diretor de filmes Carlos Manga Júnior, o fotógrafo Felipe Morosini e o designer gráfico Vokos.
Mediado pelo CCO da AgênciaClick, Fred Saldanha, a palestra terminou com algumas mensagens importantes. A primeira delas é a de que as referências já prontas apontadas por clientes ou agências de publicidade nem sempre funcionam bem para que se obtenha um bom trabalho autoral. Uma das coisas que eu mais detesto em publicidade é a tal da referência, diz Abujamra. Para mim, é muito mais importante conversar três horas com um pipoqueiro, conversar com um taxista, por exemplo. Abujamra arrancou gargalhadas da plateia ao defender o ócio como um elemento importante do seu processo de criação. Tem muita coisa que a gente cria por preguiça, disse ao falar sobre a ideia de ter criado para si mesmo um "curriculum musical", por exemplo, que ele apresenta para clientes. Com preguiça para lidar com a burocracia da descrição de suas experiências em um texto, ele resolveu entregar logo uma música para este momento. O artista precisa do ócio e da preguiça para criar, reafirmou Abujamra.
As brincadeiras entre os convidados acabaram resvalando em um tema ainda espinhoso no mercado brasileiro: a obrigação imposta aos criativos de trabalhar dentro das agências publicitárias. Essa imagem de agências de publicidade lotadas é uma imagem que deveria ser coisa do passado, comentou o estilista Ronaldo Fraga usando o setor de publicidade como um exemplo genérico. Para ele, as empresas que têm a criação como matéria prima não precisam impor obrigação do trabalho dentro do escritório.
O diretor de cena Carlos Manga Júnior ressaltou a importância de se procurar elementos de fora da indústria para desenvolver novas ideias, também de maneira imediata. Basicamente fotografia, música e pintura são as coisas que me rodeiam, diz. Na publicidade, você joga tudo numa sopa.
No entanto, os criativos ponderam que a liberdade de criação em tempo e espaços confortáveis para o criativo também precisa de certos limites. Um deles é a necessidade de se trabalhar dentro de uma organização empresarial e de ter uma equipe que viabilize a execução das ideias, por mais malucas que possam aparecer. Não adianta nada ter uma ideia original e fantástica sem capacidade de execução. Outro elemento é o prazo. É ótimo que a mente vá longe, e tem que ir mesmo, mas tem hora pra entregar, pontua o fotógrafo Felipe Morosini. É complicado porque você tem que dar ordens para você mesmo.
E mais: esta condição de liberdade no trabalho, pelo menos na indústria de publicidade, não é privilégio de todos. Depende do grau de maturidade que o profissional conquistou no mercado. A liberdade de criação se conquista ralando a bunda, disparou Abujamra.
Ruy Barata Ribeiro
#unbovineyourself
#festivalccsp2013
Serviço:
Festival do Clube de Criação de São Paulo
Quando: dias 20, 21 e 22 de setembro (sexta-feira, sábado, domingo)
Onde: Memorial da América Latina Barra Funda São Paulo
Estacionamento no local e metrô ao lado
Fan page: http://www.festivaldoccsp.com.br