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Ian Pons Jewell: IA gera atrofia cerebral
Imagina o amarelo bem forte da gema no lugar da pupila e da íris de um cliente que, em tese, estaria simplesmente saboreando uma refeição com ovos no restaurante da Debbie. A clara cumpre o papel de ocupar o espaço branco do olho. Repentinamente, galinhas gigantes entram no estabelecimento, representando fornecedores que estão cobrando a dona do estabelecimento, amargurada em dívidas e atraso de pagamentos.
As cenas são de um pesadelo vivido pela pobre Debbie que, logo, logo, no decorrer de 1'22'', se tranquiliza deste clima de horror porque usa o Quickbooks, um aplicativo da Intuit que ajuda a administrar as finanças de quem tem pequenos negócios.
Esse é, em síntese, o roteiro do filme“Eggs” (assista abaixo), criado pela Wieden + Kennedy, de Londres, e dirigido pelo espanhol Ian Pons Jewell, da ProdCo, produtora que tem unidades na capital britânica e em Los Angeles.
Um dos diretores de comerciais que estão na crista da onda - ganhou GP no Cannes Lions neste ano (relembre aqui), Ian participou do Festival do Clube de Criação no último sábado (4), a convite da Associação Brasileira de Diretoras, Diretores e Diretories de Cena (ABDC).
Jewell contou muita coisa interessante sobre como foi filmar “Eggs” e sobre outros dois trabalhos que apresentou no Festival do Clube, um para a Associação de Produtores de Diamantes (veja abaixo) e outro para a Netflix.
Diante de um Simón Bolívar (o maior auditório do Memorial da América Latina) bem lotado, Ian foi entrevistado por Carlão Busato, sócio e diretor de cena da Surreal Hotel Arts.
Busato o apresentou como “um dos diretores mais importantes da publicidade mundial”. Falaram muito sobre criatividade e produção a partir do tema “Do tratamento ao filme". Assunto intenso e muitas vezes polêmico no processo de definição ou contratação dos diretores de cena, o tratamento - nome dado ao “documento” que registra a visão de um determinado diretor ao transformar um briefing em uma proposta visual e conceitual - foi descrito por Ian Pons como um ponto de partida essencial para ativar a criatividade de um filme.
Ao responder uma das perguntas de Busato, mencionando ter notado que, no tratamento, “o texto é mais importante do que o estilo”, Ian foi categórico: “O processo de escrita é extremamente importante, principalmente com o avanço da inteligência artificial”.
O diretor defende a importância de se registrar as ideias que surgem diante do roteiro de um filme. Caneta em punho e papel à mão, ele recomenda. “Usar a inteligência artificial gera uma atrofia cerebral”, alerta. “Ela (a inteligência artificial) impede o processo criativo natural, e nos apresenta resultados muito imediatos. A IA provoca em nosso trabalho o mesmo impacto que as redes sociais: você aprende a querer sempre um retorno imediato. É preciso ter cuidado. Escreva o que você tem em mente usando papel e caneta e depois passe para o computador”, sugere o diretor.
Três tipos de tratamento
Sobre a produção de “Eggs” e a ideia de registrar no tratamento a gema no lugar da pupila, por exemplo, Ian contou que o projeto chegou a ele, através da W+K, “com um nível de criação excepcional, desde o início, mas sem muitos detalhes”.
Ao contar sobre esse trabalho, ele afirmou que há três tipos de tratamento: o primeiro, segundo ele, é o que “todos” (cliente, agência e diretor de cena) trabalham juntos para fazer o filme - “o que é raro, mas acontece e a melhor situação de todas é quando todos estão alinhados e têm a mesma ambição, querem chegar ao mesmo lugar”, avalia.
O segundo tipo, ele prosseguiu, é aquele em que o diretor e a agência trabalham juntos, apesar de o cliente não estar envolvido em todas as partes da jornada pois isso “atrapalharia a execução” (do projeto). “Foi o modelo usado em “Eggs”. Decidimos por esse tratamento”, afirmou.
“Há um terceiro tipo de tratamento, que é quando, apesar de todas as dificuldades, você sabe que pode fazer o filme sozinho, mesmo com agência e cliente distantes de você”, diz Ian.
Para “Eggs”, completou, “nos conectamos com os redatores”. O diretor afirmou que prefere “pensar mais na agência do que nos clientes”: “De modo geral, eu penso em colaborar com os criativos. Eu sempre recomendo essa colaboração.”
Ian e Busato também conversaram sobre a importância de detalhes de produção e da liberdade para o diretor e sua equipe atuarem nos comerciais. Ao final, Busato pediu que Ian deixasse uma mensagem aos diretores que atuam no Brasil.
Ian Pons Jewell mandou essa: “Eu gosto de usar a palavra confiança em vez de falar em liberdade. Todos os diretores, conforme fazem mais e mais trabalhos, ganham mais confiança. É importante lembrar que vocês sempre vão precisar convencer alguém de uma grande ideia.“
Novo Diretório
Antes da entrevista de Busato com Ian Pons Jewell, Pedro Tejada (diretor de cena da Iconoclast e integrante da diretoria da ABDC), fez, no Festival do Clube, o lançamento do Diretório ABDC. Tejada reforçou que o trabalho da associação avançou na proposta de fomentar inclusão e diversidade do mercado.
“Nós, diretores, somos únicos, cada um vem de um lugar e se identifica com classe, sexo e cor. Nem sempre é fácil achar o talento certo para o projeto certo”, ele afirmou, ao descrever os critérios de busca na nova plataforma online. “O Diretório conecta pessoas e filmes com o olhar atento ao respeito necessário nesses tempos”, ressaltou Tejada.
O novo Diretório é um sistema de busca com filtros de Gênero (Homem Cisgênero, Mulher Cisgênero e Pessoa não binária), Pessoa (LGBTQIA+ ou com deficiência), Nacionalidade/Naturalidade, Tempo de Atuação e Idiomas, entre outros critérios.
Marcello Queiroz
Festival do Clube de Criação
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