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Festival do Clube 2023

Futebol feminino: ainda muito a avançar no país

17.10.23

Em ano de Copa do Mundo de Futebol Feminino, o tema sempre ganha mais atenção do público, da mídia e das marcas. Neste ano, não foi diferente e o esporte esteve em alta, com direito a novos players na mídia dando destaque à competição e à seleção brasileira. Mas o fato é que, mesmo recebendo cada vez mais holofotes, ainda há muito chão a percorrer. Foi o que mostrou o painel “Futebol feminino: como alcançar de fato o protagonismo”, realizado no 11º Festival do Clube de Criação.

Na mesa estiveram Carla Dias Araújo, diretora de marketing e comunicação da Hypera Pharma; Giovana Ramos Aleixo, diretora de projetos em comunicação e marketing da Octagon Latam; e a ex-atleta Sofia Gomes Cesar, fundadora da agência de marketing esportivo Classe das Campeãs e líder da área de inovação e expansão do projeto Meninas em Campo. A publicitária Angélica Souza, cofundadora do Dibradoras, foi a mediadora do painel. A jogadora Tamires de Britto, lateral-esquerda do Corinthians e atleta da seleção, participou por vídeo.

Com o tema desafiador do painel, Angélica foi cirúrgica em suas provocações. O Brasil tem em sua história do futebol feminino talentos como Marta, seis vezes a melhor jogadora do mundo, e times como o do Corinthians, que vem lotando as arenas, mas isso ainda não se reverteu em grandes patrocínios.

No entanto, mesmo após o balde de água fria da rápida eliminação na Copa do Mundo – disputada em agosto, na Austrália e na Nova Zelândia –, é importante olhar o copo meio cheio. É preciso ficar claro que é necessário investir cada vez mais na base e em infraestrutura para que a conquista do ouro ocorra.

Vale lembrar que o futebol masculino surgiu no país no começo do século XX e o título da primeira Copa só ocorreu em 1958. E isso graças a um investimento maciço em infraestrutura e excelência, capitaneada por Paulo Machado de Carvalho. Ou seja, foi em 1958, depois da derrota na Copa de 1950, que o Brasil realmente focou o esporte com seriedade.

Outro ponto fundamental é que, até 1979, a modalidade feminina do futebol era proibida no Brasil. Foi uma decisão de Getúlio Vargas em 1941 que mudou essa história. E apenas neste ano, em 2023, que a Copa do Mundo Feminina foi transmitida integralmente para o Brasil, mérito da Cazé TV.

A Neo Química já entendeu o potencial do mercado e o valor agregado que o futebol traz para a marca. Ela nomeia o estádio do Corinthians, está na frente da camisa masculina e atrás, na feminina. “Há muito o que avançar ainda”, afirmou Carla. “No futebol feminino, vemos famílias inteiras nos estádios, e isso é muito legal, mas ainda não há dados do público”, pontuou.

Giovanna contou que cuidam da gestão de carreira de atletas. “Neste ano, conseguimos fechar seis patrocínios para a Tamires, mas mesmo assim a imprensa não considerou isso notícia”. Já na Copa do Mundo, a empresa conseguiu patrocínios e contratou sete criadores de conteúdo para a cobertura, mostrando o que rolava por trás das câmeras de um evento desse porte na Ronaldo TV, no TikTok e Instagram.

Sofia destacou que é extremamente relevante para a formação de novas atletas a transmissão de uma Copa do Mundo Feminina, para que as meninas vejam e se identifiquem e queiram ser atletas. “Não necessariamente todas as meninas vão se tornar profissionais um dia, mas é muito importante elas verem que podem chegar em um lugar de destaque, de visibilidade. É muito recente a exibição dos jogos femininos na TV aberta”, ponderou.

A mesa toda lembrou da chuva de comentários de ódio na transmissão da Cazé TV na Copa do Mundo, de haters que ficaram acordados de madrugada só para fazer isso. E que, por essa razão, a Cazé TV optou por fechar os comentários durante os jogos.

Por outro lado, o painel apontou que a Austrália vem dando show. Os atletas do time masculino jogaram com as camisas com os nomes das craques da seleção feminina. Na Copa, o público lotou os estádios para torcerem pelas Matildas – como elas são conhecidas. A Austrália conquistou o quarto lugar, com muita celebração.

Já o Brasil, que tem a melhor jogadora do mundo, nunca fez nada parecido. Sofia indagou: “como podemos fazer isso? Como deixar um legado pós Copa do Mundo Feminina, já que há grande possibilidade da próxima ser no Brasil?”

Marca que vem apoiando de forma perene o futebol feminino, a Neo Química reconheceu que há um longo caminho para avançar até em outra esfera. Carla revelou que tiveram de pesquisar muito para convencer  internamente sobre a relevância da modalidade. Isso porque não há muitos estudos à disposição de quem queira se aprofundar no tema. “Valeu o exercício, mas ainda estamos engatinhando”, reforçou.

Silvia Herrera

11º Festival do Clube de Criação

Patrocinadora premium: JCDecaux.

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