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'Acredite no seu axé', ensina Isa Silva
A estilista Isa Silva pr0tagonizou o painel “O processo criativo da estilista Isa Silva” no Festival do Clube de Criação. A conversa foi mediada por Heitor Caetano, diretor de criação e copresidente do Clube, e Luz Barbosa, diretor de cena e documentarista.
O bate-papo mergulhou na trajetória de Isa, explorando como suas vivências pessoais, ancestralidade e visão de mundo moldaram uma marca que transcende a moda para se tornar um manifesto de autoestima e representatividade.
O Clube já havia falado sobre o encontro em matéria anterior, que pode ser lida aqui.
Sankofa
O papo começou com um olhar para o passado, em celebração aos 10 anos da marca Isa Silva. Luz Barbosa relembrou a inspiração da nova coleção na simbologia Adinkra - um conjunto de ideogramas dos povos Akan, de Gana, que representam provérbios e conceitos complexos sobre a vida, a morte e a sabedoria. Dentre esses símbolos, ele destacou o Sankofa, que é representado por um pássaro que voa para frente enquanto olha para trás. A imagem carrega o provérbio "nunca é tarde para voltar e apanhar o que ficou para trás", simbolizando a importância de aprender com o passado para construir o futuro.
A partir dessa referência, Barbosa perguntou: “Queria entender quais foram os encontros, quais foram os momentos, as inspirações que fizeram você olhar para a moda como essa possibilidade de futuro”. Isa respondeu compartilhando sua história de origem, revelando como a moda foi um refúgio e uma ferramenta de sobrevivência desde a infância. “Eu digo que a moda salvou minha vida”, afirmou a estilista. Ela descreveu como, ao sofrer violências na rua e na escola, encontrava um espaço de liberdade no ateliê de uma costureira amiga da família. “Lá eu era livre. Foi ficando no meu subconsciente, até que entendi na minha adolescência que tinha uma profissão de moda, de ser estilista, de lançar coleção”.
Mulher e moda
Heitor Caetano trouxe dados sobre a indústria, citando um estudo que aponta que apenas 12% das lideranças criativas em marcas de luxo são mulheres, e questionou sobre a importância de descentralizar o olhar da moda. “Qual a importância de descentralizar um pouco esse olhar da moda que ainda está na mão desses homens brancos e como você tem usado a moda enquanto uma ferramenta para contar histórias que não sejam necessariamente contadas pelo mesmo viés?”, indagou. Isa explicou que a chave virou quando percebeu que o sistema se apropria da coragem de grupos marginalizados. Para ela, uma das formas de combater a hegemonia é negar pauta a quem não representa a diversidade. “Essa chave virou quando eu vi que essas pessoas, elas criam olhando pra gente. Quando esse estilista branco, gay, vê você de maquiagem e tudo, fala assim: 'menina, que afrontosa ela, hein? Que coragem'. Então essas pessoas já se alimentam da coragem que a gente tem”, refletiu.
Não Lugar
O conceito de "não lugar", vivenciado por Isa desde a infância, foi um ponto central da conversa. Ela narrou a experiência de, no primeiro dia de aula, ser colocada pela professora em um espaço entre os meninos e as meninas, por não se encaixar nos padrões esperados. A essa vivência, somaram-se outras camadas de sua identidade. “Eu era uma criança preta, periférica, sapatão... Então, a sociedade o tempo inteiro falava: ‘você não pertence a lugar nenhum”, recordou. Essa sensação a acompanhou no mercado de trabalho, onde enfrentou preconceito e a levou a criar sua própria marca em 2015.
Ouvir sobre a origem do slogan que se tornou a alma da marca, "Acredite no seu axé", foi um dos momentos altos do painel. Isa contou que a frase nasceu de um mantra pessoal, criado na infância para fortalecer sua energia diante do preconceito que sofria na escola, por seu interesse em religiões de matriz africana. Anos depois, ao fundar a empresa, ela o adotou como lema. “Tiveram muitas pessoas que falaram assim: ‘ai, não vai vender, cuidado’. E daí, quando eu fiz a primeira tiragem de camisetas, que vendeu, eu falei: ‘obrigada’. E foi daí que virou o slogan da marca”, celebrou.
Ao final, respondendo a uma pergunta da plateia sobre buscar referências fora da bolha publicitária, Isa Silva reforçou a importância do diálogo e da humanidade. “Quando eu vou fazer um trabalho com uma grande empresa, a primeira coisa que falo é que “tem que ter humanidade. É a humanidade que vai nos aproximar”, concluiu.
Fernanda Beirão
Espie a programação completa aqui.
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