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'Criatividade é o maior elixir contra as certezas da IA'
O painel “IA: um cenário em (des)construção” atraiu a atenção dos participantes no 13º Festival do Clube de Criação. Debateram o tema a economista e conselheira do Pacto Global da ONU, Amanda Graciano; a professora da ECA e estrategista de comunicação digital Beth Saad; o médico neuropsicofisiopatologista Fábio Bechelli; e Paulo Aguiar, cofundador da CR_IA. Com mediação de Ricardo Figueira, cofundador e CCO da FigTree, o debate foi muito rico e trouxe alguns ingredientes interessantes, reforçando que o resultado obtido com a IA depende diretamente da curadoria, do bom senso e do repertório de cada um.
Figueira iniciou a discussão contextualizando que a vida é transformação e a IA ajuda no surgimento de novas possibilidades. “Nossa intenção é literalmente criar um ponto de vista amplo sobre o que está acontecendo e o que podemos fazer, em vez do que não podemos fazer. E não é hora de ter ansiedade, ao contrário, é hora de abraçar as oportunidades e saber crescer nesse momento”, argumentou.
Dr. Bechelli iniciou sua participação respondendo a uma provocação de Figueira: o que muda com a massificação da inteligência artificial? O médico explicou que a massificação trouxe um novo nível de realidade, diferente de tudo que estávamos acostumados, que teremos que aprender a lidar com essa massificação das informações, e que a cognição vai depender do equilíbrio entre formação e informação. “A IA é um grande instrumento de trazer informações e aí temos que saber como lidar com elas, seja no sentido criativo, construtivo ou desconstrutivo; e vai depender muito da formação humana de cada um e de como interpretar esse nível de informação, esse nível de realidade nova”, comentou.
Espelho e amplificador
Beth acrescentou que o “X” da questão é a capacidade humana de absorver, entender, usar e aplicar essas informações. “A IA é resultado daquilo que ela se alimenta, ela reproduz o que somos e a responsabilidade é nossa”, argumentou. “Saber fazer prompt, e tudo o mais, é importante. Mas fundamental é entender que ela reproduz o que somos, é um grande espelho”, acrescentou.
Paulo é um criativo que respira IA e definiu a ferramenta com um "amplificador de tudo que fazemos". “Se você é um bom criativo, você vai ser melhor com a IA, vai conseguir fazer mais, melhor e vai ganhar agilidade. Se não, só vai fazer o seu trabalho ruim mais rápido”, disparou. Com a IA, Paulo consegue materializar o que pensou em muito menos tempo, e aí consegue entender se a ideia se sustenta ou não. “A IA materializa a nossa imaginação de uma forma que a gente nunca viu antes”, avaliou. Paulo citou também os criadores que estão desenvolvendo novas plataformas para seus seguidores, como por exemplo a Magnific AI, que amplifica a qualidade das imagens.
Curadoria
Amanda trouxe mais um insight para o debate, a relevância da curadoria em um mercado onde todos terão informações massificadas. “Saímos de um lugar de "quem tem os melhores profissionais, quem detém o melhor conhecimento e entrega os melhores resultados", para um cenário de "quem faz a melhor curadoria". Porque no final do dia, se todo mundo usar a ferramenta mais ou menos, todo mundo vai ter as mesmas respostas. E o time que fizer a melhor curadoria terá muita diferença”, comentou. Ela acrescentou que há um ponto estrutural a se discutir, o acesso à IA, já que vivemos num país onde muitos não têm acesso nem ao saneamento básico. “Podemos estar diante de um grande motor de desigualdade cognitiva, mas, se o acesso for dado, essas pessoas serão capazes de fazer coisas muito mais incríveis”, avaliou. E, além disso, ela citou a legislação, que acaba sendo feita por pessoas que nunca usaram as novas ferramentas e jogos. “A gente está colocando em xeque tudo que conhecemos, e vai virar commodity daqui a pouco. Então, enquanto não vira commodity, é importante saber aplicar isso rápido, para capturar esse valor que o mercado está criando agora.”
Repertório
Beth destacou o repertório: “É importante a gente entender que as construções da cognição, da percepção e do entendimento dos acontecimentos e das coisas têm a ver com múltiplas verdades, porque têm a ver com todo o repertório de quem as recebe.” E destacou as empresas de telefonia que hoje já disponibilizam a IA como um bônus em seus pacotes. “O que acontece quando você tem uma IA no telefone e delega para esta senhora coisas que talvez ela te devolva de uma maneira meio torta, as chamadas alucinações, as desinformações, e as pessoas vão falar: ‘Deu na IA’, li na IA, e não 'deu na Globo ou na Veja'.” A especialista avalia que isso pode criar um cenário de equívocos e falta de entendimento, por causa do repertório (ou da falta de repertório) da população, e cabe aos especialistas resolverem essa questão.
Futuro
No último bloco, Figueira fez a seguinte provocação: a IA, por não ter o pensamento crítico, nunca vai questionar sua própria verdade. Então, como é que a gente vive essa realidade e como é que a gente cultiva o que é realmente um valor humano? Como deve ser a curadoria de nós mesmos nesse futuro?
Os debatedores destacaram que a IA nunca vai sentir culpa, ter confiança ou intuição, sentimentos que interferem nas tomadas de decisão. Beth falou sobre intuição. “A IA nunca vai pensar do meu jeito, com base no meu repertório. A intuição vai te dar uma sustentação que é só sua para tomadas de decisão, para produção de conteúdo, produção de novos conhecimentos.”
Paulo observou que uma boa peça publicitária precisa de propósito e bom gosto, o que a IA não tem. “Falando da parte criativa, o primeiro resultado da IA é medíocre ou muito ruim, e quem tem a capacidade de levar isso para um outro nível são as pessoas com bom gosto e repertório”, concluiu.
Amanda acrescentou: “quando se tem um bom prompt, uma boa conexão de coisas não muito óbvias, a IA cospe o que a gente imaginou pela nossa capacidade de explicar para ela o que a gente quer. E a única forma de fato da gente olhar para esse futuro, para resolver os problemas que a gente ainda não resolveu, é colocando o nosso elemento mais humano.”
E o mediador finalizou a plenária expulsando os fantasmas e os medos que a IA ainda pode causar: “Para finalizar eu diria três coisas, primeiro de tudo, não dediquem o tempo de vocês aos vendedores do Apocalipse da criatividade. Não gastem o tempo de vocês com isso, porque isso só faz mal. Nós estamos criando com o IA uma fábrica de certezas e a criatividade é o maior elixir contra o cansaço das certezas. Ao ser humano, por mais sábio que seja, não basta saber, tem que sentir.”
Silvia Herrera
Festival do Clube de Criação
Patrocínio Master (ordem alfabética): Globo; Grupo Papaki; Warner Bros. Discovery
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