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Fotógrafos selvagens por natureza: talento, risco e paixão
O Clube de Criação trouxe, na 13ª edição de seu Festival, o painel “Fotógrafos selvagens por natureza”, mediado por Clayton Conservani, jornalista respeitado, especialista em esportes ao ar livre, protagonista do quadro "Planeta Extremo", no programa Esporte Espetacular, da Globo. Participaram da conversa os fotógrafos André Magarao, focado em esportes radicais; Gabriel Tarso, conhecido por registrar as montanhas mais altas e desafiadoras do planeta e integrante do The North Face Team; e Maysa Santoro, bióloga e referência em fotografia de vida selvagem.
Três olhares, uma mesma paixão
Os painelistas são referências nacionais em fotografia de alta complexidade e risco, tendo nas veias o amor precoce pela produção de imagens e por transmitir visualmente histórias atraentes e relevantes. Por isto, ao começar a conversa, Clayton convidou os fotógrafos a falarem sobre o início de suas trajetórias.
Maysa contou que primeiro veio a conexão com a natureza, desde a infância. “Aos seis anos eu já nadava no oceano e me sentia muito confortável. Queria entender mais sobre os animais e prestava atenção até aos insetos que via no cotidiano. De tanto valorizar os detalhes, acabei me interessando por registrá-los em fotos”, disse a bióloga. Há cerca de seis anos, ela começou a participar de programas de resgates de animais selvagens e fotografar os projetos, tendo sido as primeiras fotos de felinos. “Acredito que, como seres humanos, precisamos ser agentes de transformação e ajudar outras pessoas a compreender a relevância da preservação”, afirmou.
André informou que sua paixão pelos esportes também foi prematura, desde o início da adolescência (13 anos), quando ganhou uma mountain bike do pai. “Eu adorava pedalar e registrava os lugares por onde passava, porque queria convencer meus amigos a também aderirem ao esporte. Aí, alguns deles viraram esportistas e os patrocinadores começaram a me contratar para fotografá-los. Na minha área é fundamental respeitar a história e as especificidades de cada esporte”, explicou.
Antes de passar a palavra para Gabriel Tarso, o mediador contou que, este ano, os dois escalaram juntos o Kilimanjaro, localizado ao norte da Tanzânia, junto à fronteira com o Quênia, ponto mais alto da África. Informou também que Gabriel já escalou três vezes o Monte Everest, pico mais alto da terra, e o K2, a segunda maior montanha, situada na divisa da China com o Paquistão, além de outras grandes montanhas ao redor do mundo.
“Minha relação com as montanhas teve início em Cruzeiro (SP) onde nasci e aprendi a escalar e a explorar com minha mountain bike. Por lá, também comecei a registrar o cotidiano dos 70 mil habitantes da cidade e participar de concursos de fotografia, sonhando me tornar um fotografo profissional. Felizmente, atualmente, consigo viver da minha área específica, como fotógrafo, mas, no princípio, para ganhar dinheiro fotografava de tudo, inclusive casamentos”, detalhou Gabriel.
Ele explicou também que o desafio hoje é viver em um país que não tem montanhas tão altas para treinar, o que exige que viaje muito e treine em outros países. Sua dedicação foi recompensada recentemente com o convite para um projeto fotográfico realizado no Kilimanjaro, no Paquistão. “Eu me senti muito honrado com o convite e de imediato comecei a me preparar para entender o propósito da jornada e garantir meu bem-estar na expedição”, ressaltou o montanhista.
“Para trabalhar nas nossas áreas, você não é só fotografo, precisa ser atleta também, porque precisa sempre se superar e tem de carregar todos os equipamentos. O grande benefício é que somos marcados por todas as histórias que registramos”, acrescentou, bem-humorado, André. De acordo com o fotógrafo esportivo, o mundo está tão habituado com a urgência, que é preciso olhar o tempo como um amigo e valorizá-lo.
O mediador concordou e relatou o seu despertar para o registro de imagens. “Nasci em Rezende, no Rio de Janeiro, e o que faço hoje começou em meus passeios pelo Pico das Agulhas Negras, no Parque Nacional do Itatiaia, com poucos equipamentos e tecnologia. Este início e o programa Planeta Extremo, da TV Globo, abriram as portas para que eu conhecesse montanhas em todo o planeta”, comentou Clayton.
Em seguida, o mediador questionou os participantes sobre as histórias que querem contar com suas imagens e Maysa informou que está escrevendo um livro no qual quer responder a esta pergunta. “Quero mostrar que todos estamos conectados com a natureza, somos um só ecossistema. Este ano, estive com baleias, na Antártida, e com ursos polares, no Ártico. O meu trabalho não é fácil e não paga o meu salário, mas faço porque amo e porque a vida selvagem não fala por si só. Precisa das nossas vozes. Trabalho para despertar as pessoas para a importância de saberem, por exemplo, que o boto rosa amazônico está em extinção. Esta é a minha missão: mostrar que todos estamos interligados”, ressaltou a bióloga.
“Eu me considero um mensageiro das montanhas, locais inóspitos, nos quais faço cliques e conto histórias que visam aproximar as pessoas. Adoro ir aonde quase ninguém vai e sentir a adrenalina de saber que existe a possibilidade de não voltar”, pontuou Gabriel. Ele enfatizou que seu trabalho também é importante porque ajuda a alertar sobre os impactos das mudanças climáticas, que estão afetando absurdamente as características naturais de diversas montanhas, citando como exemplos picos do Peru e da Bolívia, na América Latina.
Desafios para obter a melhor imagem
André destacou que, como trabalha diretamente com publicidade, seus pagamentos são efetuados por atletas e patrocinadores, o que exige que ele conheça muito bem as especificidades dos diversos esportes, a personalidade dos atletas e como os esportistas entendem e se relacionam com seu desempenho. “Preciso registrar a percepção subjetiva dos esportistas e evitar expô-los a situações desgastantes ou arriscadas. Eles só fazem o que estão dispostos a fazer e é preciso existir uma colaboração mútua”, afirmou André.
“As pessoas acreditam que a foto mais complicada é aquela cujo clique é feito em um lugar de difícil acesso, mas nem sempre é assim. Hoje, nós temos o apoio da tecnologia para facilitar nosso trabalho, com lentes e outros equipamentos sofisticados. Isto me permitiu fotografar um dos animais que, na minha opinião, é um dos mais difíceis do mundo – o boto cor de rosa, da Amazônia, que é um cetáceo muito diferente, com movimentos muito particulares e hábitos extremamente difíceis de registrar. A tecnologia nos permite também fazer imagens aéreas maravilhosas com drones, sem afetar a vida selvagem”, destacou Maysa.
Gabriel pontuou que nas montanhas é preciso lidar com as condições climáticas, que incluem possíveis avalanches e gretas escondidas pela neve, e com a exaustão das pessoas, mas que ele sempre sente muito prazer nisto. “Para mim, o mais difícil é encontrar as situações ideais para fotografar as pessoas, o que geralmente ocorre em momentos críticos. Mas há outras dificuldades, como o congelamento de equipamentos e baterias em horas decisivas, como ocorreu comigo no K2, onde achei que faria as fotos da minha vida e só consegui um bom clique. Algumas vezes, a logística também é um desafio, pois precisamos nos planejar para levar o equipamento a determinados lugares”, comentou. Nas escaladas, é preciso sempre muito planejamento sobre a rota e os equipamentos a serem levados.
No caso de André há sempre o desafio da iluminação nos minutos decisivos de alguns esportes, assim como a necessidade de contar com o engajamento dos atletas, que muitas vezes precisam acordar muito cedo, ou fotografar em condições climáticas não favoráveis. “Fui fotografar um evento de kitesurf e o vento estava muito forte, complicando a produção. Em outras vezes, preciso colocar luz artificial no mar ou em outros lugares inóspitos para garantir o melhor clique, mesmo correndo o risco de perder equipamentos. Preciso saber muito bem os meus limites e do atleta e usar muitos 'chapéus', porque os budgets não são grandes”, contou o fotógrafo esportivo.
Respeito e propósito: o legado dos fotógrafos
Maysa acrescentou que nos seus projetos antes de tudo vem a ética de priorizar o animal e seu estilo de vida. “Muitas vezes, deixei de fazer as fotos e coloquei o meu ego de lado, porque não era sobre mim, mas sobre a vida do animal e seu bem-estar. Os registros devem ser feitos com todo o respeito possível”, salientou. Como legado, ela espera contribuir para que as pessoas entendam que integram a natureza e precisam se movimentar pelo mundo de forma mais respeitosa em relação à vida selvagem.
O respeito também é fundamental nas fotos esportivas. “A foto mais impactante de um esportista geralmente é feita quando ele coloca sua vida em risco. Por isto, tenho todo respeito pelo atleta, por sua história e pelo esporte”, afirmou André.
Para Gabriel, o legado de seu trabalho é registrar a vida, outras culturas, vivências e desafios enfrentados pelas pessoas.
@claytonconservani
@andre_magarao
@gtarso_
@maysasantoro
Clezia Martins Gomes
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