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Homenagem

Um ano sem Liliana

13.02.09

Posso ouvir perfeitamente a sua voz rouca e alegre em nossas falas.

Ela incorporava emoção, quando traduzia em palavras a paixão da sua dona pelas relações humanas, pela arte, pela criação.

Foi pelas histórias de campanhas, pelos conceitos de criação, pelo relato das experiências vividas, que conheci Liliana Barabino.

Ela participava da Semana da Comunicação da Belas Artes e encantava a platéia de alunos. Encantou também a mim, que a convidei para participar dos trabalhos de conclusão de curso da instituição. E, assim nasceu uma consultora.


Logo, a paixão pela criação se transformou na paixão de ver a influência da própria experiência contribuir para a construção, não só de trabalhos, mas do empenho dos alunos em fazer sempre o seu melhor, o diferenciado, tanto na esfera acadêmica e profissional como na vida.

Os alunos passaram a ter uma relação afetiva com a Liliana, que mostrava a eles que a efervescência das ideias poderia nascer de qualquer input. A cor de uma campanha pode ser definida pelo vermelho de seus óculos, outra pelo tom da lousa, outras por algum adereço ou pelas inúmeras referências que ela própria trazia para a sala.

Em pouco tempo, se tornou figura imprescindível nas festas de formatura. Ganhou muitos amigos. E, assim, nasceu uma professora.


A afinidade entre nós resultou num convívio também fora da escola. Divertíamos-nos em conversas nas nossas incursões pelos bares e cafés dos Jardins. Quando havia tempo, almoçávamos antes de iniciar o planejamento das atividades de orientação.

O meu apartamento de São Paulo passou pela sua opinião. As consultorias que envolvessem criação, passavam pelos seus comentários. O início da sua atividade como professora universitária teve minha colaboração. Desta forma, construímos uma relação afetiva.

A sensibilidade da Liliana se traduzia em delicadezas como a de quando me trouxe, de sua última viagem à Paris, um quadro retratando uma publicidade antiga: art noveau da Champagne Pommery.

Ela lembrou que prosseco era a minha bebida preferida e traduziu o meu gosto em um bem simbólico, hoje colocado na minha estante de livros. E assim nasceu uma amiga.


Liliana nos deixou há um ano. E ficou em mim um misto de incredulidade e impossibilidade de entender por que isto aconteceu.

Falamos um dia antes de minha viagem para o Sul. Sobre nossos projetos, sobre nossas esperanças, sobre a nossa vida. 

Na minha volta, depois de estar dois meses em casa, ainda não tinha falado com ela após três dias em São Paulo. Não houve tempo.

Liliana partiu deixando a exata lembrança de como ela era durante a convivência com cada um de seus amigos. Partiu no auge, consolidava uma carreira acadêmica, unia competência, talento e experiência à sua forma afetiva de olhar o mundo para ajudar a formar não apenas profissionais, mas pessoas.

Partiu rápido e deixou uma grande saudade. 

Quando olho para o céu, percebo que a sua chegada mudou a ordem dos astros. Pois, agora, nasceu uma estrela.


Clara Pugnaloni
Jornalista, publicitária


Comentários

Marinete Raimondi - A perda realmente foi enorme e acima de tudo a perda de uma amiga. saudades sempre. Marinete Raimondi

Homenagem

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