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O Brasil pós-pandemia

Pesquisa da Globo mostra hábitos que devem ficar

23.02.21

O brasileiro está preocupado com a pandemia, mas tem expectativa positiva em relação ao futuro. Pesa sobre isso o fato de a vacinação ter começado no país. Ele também está fatigado, mas demonstra resiliência e consciência das desigualdades sociais e da importância da união da sociedade. Essas são algumas conclusões da pesquisa “Ideia do Futuro – O Brasil pós-pandemia pode ser melhor?”, feita pelo Instituto Datafolha para a Globo.

Parte do movimento “Quando isso tudo passar”, lançado na segunda-feira 22 (leia aqui), o estudo ouviu 2.081 pessoas e foram identificados e analisados possíveis aprendizados e reflexos positivos da pandemia. A pesquisa mapeou ainda sentimentos, hábitos e comportamentos que marcaram o período.

Na apresentação feita ao mercado por Fábia Juliasz, diretora de pesquisa e conhecimento da Globo, foi observado que um novo comportamento se torna hábito em 66 dias, em média. Com dois meses do início do isolamento social, portanto, algumas rotinas poderiam já ser caracterizadas como habituais. Mas algo que a pandemia revelou é que realidades correm de forma paralela. Muitas coisas acontecem ao mesmo tempo e a sociedade precisa se adaptar a cada uma das fases da pandemia. Por sinal, estamos na 51ª semana de enfrentamento coletivo da covid-19.

De março de 2020 até janeiro de 2021, o brasileiro atravessou por diversos momentos. Houve a fase da preocupação aguda, em que o desabastecimento foi uma das marcas; o período em que a população buscava muitas informações, o que era intensamente procurado nos veículos mais tradicionais; e a etapa em que a busca por equilíbrio se acentuou (com as pessoas procurando cuidar da mente e dando mais foco ao entretenimento). Entre os momentos estão ainda a procura por novas fontes de receita, o início da abertura, e a renovação da esperança quando foi liberada a primeira vacina contra covid-19, no Reino Unido.

Outro efeito da pandemia foi ter revelado à população que somos iguais: resposta de 97% dos entrevistados. Apesar disso, também 97% das pessoas ouvidas declararam que o Brasil é um país cheio de desigualdades e que nós precisamos fazer algo para combater o problema. Dos entrevistados, 93% declararam que nossas ações impactam a natureza ou a vida de outras pessoas. Outro item que merece destaque é a valorização do SUS, algo apontado por 88% da base da pesquisa.

Além disso, 86% das pessoas ouvidas no estudo indicam que aprenderam algo durante a pandemia ou observaram aspectos positivos. Nesse sentido, estão cuidados com a saúde (26% das respostas), solidariedade social (23%) e união familiar (27%). É importante observar que 60% se dizem otimistas em relação a 2021.

O que fica

Os hábitos e as atitudes detectados a partir da pandemia estão separados em áreas: família & lar; busca ativa pelo bem-estar; adaptabilidade e vida em prontidão; pautas sociais e ambientais; e responsabilidade das empresas e das marcas.

Entre os novos hábitos e atitudes estão: ser mais flexível (46%), valorizar os trabalhadores que não puderam se isolar (37%), equilibrar trabalho, família e autocuidado (30%) e utilizar serviços digitais que não faziam parte do dia a dia (26%). Também chamam a atenção a busca por ações solidárias como doar para campanhas de auxílio à população (23%), participar de ações sociais (15%) e ofertar ajuda profissional de forma gratuita. Em relação a bandeiras sociais, 79% dos entrevistados acreditam que as empresas passaram a se comprometer mais com as pessoas através de doações e suporte.

Abaixo, alguns destaques (por área).

- Família: é o pilar do brasileiro. Antes da pandemia, 80% dos brasileiros davam valor a seu pequeno núcleo familiar. Durante a pandemia, esse percentual passou a 93%. Cresce também um olhar mais generoso sobre quem está próximo. Entre os hábitos adquiridos está o de procurar ser mais compreensivo com as pessoas com quem convivemos no cotidiano (exemplo, um idoso), com 42% das respostas; e criar e cuidar de plantas (23%).

- Adaptabilidade: para 82% dos entrevistados tornou-se mais importante desenvolver a carreira e pensar em outras fontes de renda, além da principal. Entre as novas atitudes estão ser mais flexível (46%) e planejar melhor as finanças (37%).

- Pautas sociais e ambientais: ter consciência do impacto sobre a natureza e sobre a vida de outras pessoas é uma das atitudes desenvolvidas durante a pandemia (resposta de 93% das pessoas ouvidas). Outro hábito novo é incluir nas conversas com os demais temas de racismo e de direitos da comunidade gay (80%).

- Responsabilidade das marcas: é cada vez mais importante o papel das empresas no enfrentamento da crise e dos efeitos da pandemia. Para 65% dos entrevistados, as companhias devem contribuir muito mais com a sociedade. Das pessoas ouvidas, 70% querem que as empresas realizem ações de apoio ao meio-ambiente; 68% adotem medidas que apoiem o desenvolvimento social; e 67% tomem iniciativas em nome da educação e cultura.

Mais dados do estudo podem ser conferidos aqui.

O Brasil pós-pandemia

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