arrow_backVoltar

João Alberto

Carrefour se pronuncia sobre assassinato de cidadão negro

20.11.20

Após um homem negro de 40 anos, João Alberto Silveira Freitas, ser brutalmente espancado durante mais de cinco minutos por seguranças brancos de um supermercado da rede Carrefour, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na noite da quinta-feira (19), agressão que terminou com sua morte, a rede varejista se pronunciou sobre o assunto por meio de comunicado nas redes sociais (leia mais abaixo), ainda na madrugada de sexta, 20, Dia da Consciência Negra.

A loja em que ocorreu o crime - onde houve manifestações durante esta sexta - não irá ser aberta no sábado, 21.

Segundo informou a rede de supermercados, todo o resultado das vendas da empresa nesta sexta-feira, será destinado a movimentos antirracistas. E as lojas abrirão mais tarde no sábado para que sejam realizadas reuniões com os funcionários.

Na manhã desta sexta ainda estava sendo veiculado comercial da rede cuja assinatura - lançada em dezembro de 2019 -  diz  "Todos merecem o melhor" (aqui).  À noite começará a ser veiculado um comercial "all type", informando à população algumas das medidas citadas acima.

Os seguranças que cometeram o crime trabalhavam no Grupo Vector, empresa paulistana que também atende outros grandes varejistas.

Alexandre Bompard, CEO global do Carrefour, usou sua conta no Twitter para comentar o crime. Ele disse que as imagens são insuportáveis e lamentou o ocorrido. Disse ter pedido ao Carrefour Brasil "total colaboração com a Justiça e autoridades" para esclarecer o trágico episódio. A investigação do crime está nas mãos da Polícia Civil. Os funcionários envolvidos na agressão já tiveram prisões preventivas decretadas.

Bompard afirmou que medidas internas foram imediatamente tomadas, principalmente em relação à empresa de segurança contratada, mas ressaltou que "essas medidas são insuficientes. Meus valores e os valores do Carrefour não compactuam com racismo e violência".

Ele também destacou que haverá revisão das políticas de segurança, diversidade e valores dentro da rede Carrefour, que será acompanhada por um plano de ação definido com o suporte de empresas externas, para garantir a independência deste trabalho.

No início do ano passado, em uma loja do Extra, no Rio de Janeiro, Pedro Gonzaga, um jovem negro de 19 anos, também morreu após ser sufocado por um segurança do estabelecimento (aqui).

As ações do Carrefour fecharam em alta nesta sexta.

Confira nota emitida pelo Carrefour na madrugada, na íntegra: 

"Sobre a brutal morte do senhor João Alberto Silveira Freitas na loja em Porto Alegre, no bairro Passo D’Areia: O Carrefour informa que entrará com uma queixa-crime contra os responsáveis. Também romperá o contrato com a empresa que responde pelos seguranças que cometeram a agressão. O funcionário que estava no comando da loja no momento do incidente será desligado. Em respeito à vítima, a loja será fechada. Entraremos em contato com a família para dar o suporte necessário.

O Carrefour lamenta profundamente o caso. Ao tomar conhecimento deste inexplicável episódio, iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos as providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente.

Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais”.

Em nota sobre o assassinato de Freitas, o Grupo Vector afirmou que "lamenta profundamente os fatos ocorridos na noite de 19/11/2020, se sensibiliza com os familiares da vítima" e que "não tolera nenhum tipo de violência, especialmente as decorrentes de intolerância e discriminação".

A ONU também publicou nota repudiando o crime ocorrido nas dependências do supermercado. "A morte de João Alberto Silveira Freitas é um ato que evidencia as diversas dimensões do racismo e as desigualdades encontradas na estrutura social brasileira". Segundo a organização, o brasileiro foi "brutalmente agredido" na véspera da data em que se comemora o Dia da Consciência Negra no Brasil. O ato descortina as diversas dimensões do racismo e as desigualdades encontradas na estrutura social brasileira".

João Alberto

/