Jogos de Tóquio

Promotores de Tóquio denunciaram a Dentsu, a Hakuhodo e mais quatro agências nesta terça-feira, 28, por suposta manipulação de licitações em contratos para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Uma ação foi impetrada no mesmo dia pela Fair Trade Comission com uma série de acusações que violam a lei antimonopólio do Japão.

Foram meses de investigações por corrupção no planejamento e em contratos de patrocínio das Olimpíadas realizadas em 2021 (o evento havia sido adiado de um ano para outro por causa da pandemia de covid-19).

Além da Dentsu e da Hakuhodo – a primeira e a segunda agências do mercado japonês, respectivamente –, as acusações recaem sobre Tokyu Agency, Fuji Creative, Cerespo e Same Two (as três últimas estão ligadas ao setor de eventos).

A ação também atinge diretamente Yasuo Mori, que foi o principal executivo de operações do Comitê Olímpico dos Jogos de Tóquio. Ele está sendo acusado de violar a lei antimonopólio ao manipular e fraudar licitações para contratos ligados aos Jogos e a eventos e competições que funcionaram como testes para a Olimpíada. A promotoria aponta executivos das seis agências entre suspeitos de conluio com Mori, que foi preso no início do mês.

Os Jogos tiveram outras acusações de corrupção. Um escândalo de suborno envolveu Haruyuki Takahashi, ex-membro do conselho das Olimpíadas de Tóquio e, antes disso, executivo da Dentsu. Ele foi preso no ano passado sob acusação de receber propinas de patrocinadores olímpicos. Takahashi foi indiciado quatro vezes sob a acusação de receber subornos que totalizaram cerca de ¥ 198 milhões (aproximadamente R$ 7,6 milhões).

Resposta da Dentsu

Após o indiciamento, o Dentsu Group Inc publicou um comunicado em seu site informando que "leva a situação a sério e oferece desculpas" a seus parceiros de negócios, acionistas e “todas as outras partes relevantes por qualquer inconveniente ou preocupação que isso possa causar”.

O Comitê Especial do board de diretores do grupo revelou que montou um Comitê de Investigação e Revisão ("Investigation and Review Committee of Outside Experts on the Current Case Related to the Tokyo 2020 Olympic and Paralympic Games") para conduzir um trabalho que vai apurar o caso, determinando causas e recomendações para o board executivo.

O comitê encarregado dessa investigação é composto por profissionais externos, com alta referência na área jurídica. Ele é formado por Masayuki Ikegami (ex-juiz da Suprema Corte), que vai presidir o grupo, Kenji Kawai (procurador e ex-presidente do Supremo Tribunal de Sendai) e Toshihiko Itami (procurador e ex-Procurador Superintendente da Alta Procuradoria de Osaka).

O grupo Dentsu também estabeleceu ações disciplinares. De acordo com o comunicado, a companhia solicitou que cinco executivos façam a devolução de parte de suas remunerações.