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McCann

Okada: "Torço pela nova equipe"

26.04.10

Alexandre Okada, que deixou a vice-presidência de criação da McCann na última sexta-feira, 23, faz um balanço de sua gestão, à frente da equipe da agência, e compartilha conosco impressões sobre os últimos 14 meses, sua saída, sua equipe, a relação com os clientes e o futuro.


"Neste 1 ano e dois meses de McCann tudo foi muito intenso. Foi uma experiência sensacional, só tenho a agradecer. Pena que o projeto não se concluiu. A proposta era que eu entrasse aqui e mudasse a cara da agência em três anos. Não tive esse tempo, mas mesmo assim creio que conquistei mais do que me foi exigido, superei as metas".


"Quando entrei, a McCann estava muito desorganizada, com a autoestima lá embaixo. A agência não ganhava contas há seis anos e há quatro perdia faturamento. Não era chamada para concorrências. A relação com todos os clientes era problemática. Minhas metas, então, eram: dar um brilho criativo à McCann, brecar a saída de clientes e melhorar a percepção da agência no mercado. Vale lembrar que 2009 foi um ano de crise e que o budget da agência foi muito espremido, os cortes foram grandes".


"Mesmo com esse quadro complicado, neste curto espaço de tempo a relação com todos os nossos clientes foi remodelada, trouxemos todos mais para perto, e isso cada um deles pode confirmar. Voltamos a participar de concorrências e ganhamos Chicco, Leroy Merlin (digital), Grupo Conti (Contini, Cervejas Conti e Samba), Intelig (conta disputada com Neogama e W/) e uma parte de BR Malls. Não perdemos mais nenhuma conta e aprofundamios nossa participação em várias delas, como TIM, GM, Nestlé. Também passamos a cuidar bem dos clientes menores e das ONGs".


 "Quanto à equipe, tenho muito orgulho do grupo que montei na McCann, motivado, guerreiro, unido, ralador. Tanto que os resultados apareceram rapidamente. O filme Pelé, para Mastercard (aqui), é um exemplo: deu tão certo que será veiculado no mercado hispânico. Na GM, a campanha Reinventando virou uma referência. O lançamento do Classic, focado na classe C, também tem sido um sucesso. Fomos tão bem com a GM que recebemos bônus integral, por conta da criatividade empregada. Com TIM, nosso relacionamento era só com a área operacional, mas fomos ganhando espaço. Fizemos o filme Padrasto (aqui), encontramos um jeito de criar para varejo que eles gostaram muito. Agora, está para entrar no ar um filme para Copa do Mundo, com o Blue Man. E já estávamos atendendo parte da conta corporativa. Para Sprite estávamos num caminho muito legal. Tínhamos um projeto bárbaro para daqui a seis meses, que infelizmente agora não sei se sairá do papel. Até com L'Oreal, que é um cliente muito difícil, onde tudo tem que ser supervisionado pelos franceses, havíamos conquistado um espaço bacana, uma certa independência".


"Quando começaram os boatos sobre a fusão com a W/, ficamos todos surpresos. Dentro da agência, a diretoria negava e nós seguíamos em frente. Havia muito trabalho a fazer e pouco tempo para ficar pensando em boatos ou fofocas. Estávamos em meio a concorrência de Intelig, com muitas demandas de TIM, não dava para ficar preocupado com isso. E eu não acreditava que poderia ser verdade, por todas as mudanças já alcançadas, por termos superado metas"


"Fiquei muito feliz de ter conseguido trazer para cá um profissional do calibre do Tales Bahu. Ele não veio porque eu tinha uma quantidade absurda de dinheiro para oferecer. Veio porque acreditou num projeto, numa proposta, encarou comigo um grande  desafio".


"Confesso que pessoalmente fiquei desapontado com esse desfecho, mas encaro isso com profissionalismo e maturidade. Numa multinacional, essas decisões acontecem em esferas superiores. Se a empresa fosse minha, faria diferente. Eu aposto e sempre apostei em pessoas, mas uma multinacional pensa no todo, no Grupo. É uma questão de filosofia. De qualquer forma, vou continuar torcendo muito pela agência e pela equipe que deixei lá".


"Sou um cara de começar e terminar projetos. Fiquei nove anos na rede Leo Burnett e implantei para eles agências que hoje são sólidas, como a de Portugal, a da Colômbia, presidi a Leo da Argentina por quatro meses, quando a coisa estava complicada por lá, fiquei dois anos na Leo Miami, como diretor geral de criação para a região, enfim, gosto de trabalhar, de resolver problemas e de estimular gente nova, de tirar o melhor das pessoas".


"Voltei ao Brasil, depois de nove anos fora, entre Europa e Estados Unidos, no início de 2007, quando fui convidado pela Fundação Bradesco a fazer um projeto, que na verdade é hoje um curta-metragem de dez minutos, dirigido por Carlos Manga Júnior, que envolveu 50 pessoas viajando pelo Brasil e teve até tomadas captadas de um balão".


"Acho que há pessoas que trabalham para construir algo maior, para construir um projeto envolvendo outras pessoas, e pessoas que trabalham para construir algo só para si, para se darem bem sozinhas. Eu estou no primeiro grupo. Sou do coletivo. Quero que agência, clientes e equipe se deem bem".


"Quanto ao futuro, nunca fui de ter 'plano B'. Quanto estou numa coisa, quero ir até o fim, entro de cabeça e fico lá. Agora, vamos ver o que acontece. De qualquer forma, quero que a W/McCann brilhe".

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