Mídia Plástica

Quem acompanha o jornal O Estado de S. Paulo deve ter visto a criação da agência Quê para a Petrobras, veiculada como uma capa falsa do Caderno 2 nesta sexta-feira (30/11). Trata-se de uma invólucro transparente de PVC, criado com a intenção de falar sobre os investimentos da estatal na recuperação do patrimônio histórico brasileiro.

Quando a imagem impressa no PVC se sobrepõe ao anúncio de papel, na capa do Caderno 2, a imagem da foto (a fachada do prédio do Museu de Artes e Ofícios de Belo Horizonte/MG) aparece com um aspecto sujo e velho. Diz o texto ao pé da capa plástica: “vire a página e descubra o quanto o patrimônio cultural brasileiro é importante para a Petrobras”.

Ao deixar a capa transparente para trás, olhando diretamente para o papel, os sinais de sujeira impressos no plástico saem de cena. O que se vê no anúncio é uma foto do aspecto atual do prédio mineiro, limpo e pintado. O novo texto do pé da página descreve: “Petrobras. Mais energia para a nossa cultura”.

Em termos criativos, a idéia é ótima, tanto da parte da agência como pela abertura a um formato diferente por parte do veículo. Porém, sem patrulhas ideológicas gratuitas, fica a pergunta construtiva: o que fazer com o lixo plástico gerado por estas mais de 100.000 capas de PVC (proporcional à tiragem do Estadão) produzidas para criar o resultado final da peça?

Se conduzido ao lado de uma pequena campanha de relações públicas, talvez este pudesse ter sido um exemplo prático e bem-sucedido sobre como criar um anúncio de forma diferenciada ao lado de uma certa "responsabilidade ambiental".

Uma outra questão, esta concernente a todo o mercado: não seria a hora destes anúncios de página inteira, que costumam ocupar praticamente todo o espaço da capa do Caderno 2 e da Ilustrada, na Folha de S. Paulo (apenas para dar exemplos mais gritantes), virem sempre acompanhados de uma identificação, como “Informe Publicitário” ou “Publicidade”?

Também não trata-se de patrulha ideológica, mas de “posicionamento cidadão” perante os leitores, aproximando o discurso da prática. Com toda a certeza, nem todas as pessoas percebem imediatamente que as imagens que costumam tomar quase toda a capa dos cadernos culturais dos principais jornais de São Paulo são, na verdade, publicidade. O criativo anúncio em questão, da Quê para a Petrobras (especialmente por conta do seu layout) é um exemplo acabado deste assunto.

Alisson Avila

Comentários

Eu faço minha parte - Alisson, Minha sugestão: FAÇA SUA PARTE E VÁ LIMPAR A LAGOA RODRIGO DE FREITAS!