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Vinicius Prianti vai deixar presidência da Unilever
O holandês Kees Kruythoff, de 38 anos, é o futuro presidente da Unilever do Brasil. O executivo vai substituir Vinicius Prianti, em processo de passagem de bastão que vai se realizar em 2008.
Economista formado pela Erasmus University, em Roterdã, uma das mais tradicionais da Holanda, Kruythoff tem 14 anos de Unilever, e atuou em países como África do Sul e China. Foi essa experiência com mercados emergentes que pavimentou seu caminho para o Brasil, um negócio de 9,5 bilhões de reais anuais, menor apenas que as filiais da Unilever nos Estados Unidos e no Reino Unido.
No currículo internacional de Kruythoff, chama a atenção sua passagem pela África do Sul. Nesse período, ele teria demonstrado a seus pares e superiores possuir uma capacidade cada vez mais desejável entre os executivos da nova geração, aquilo que os americanos chamam de "pensar fora da caixa" (think outside the box).
Nas duas temporadas que passou na África, entre 1999 e 2002 e depois entre 2004 e 2006, Kruythoff atuou na área de alimentos -- primeiro como diretor de marketing de óleos e margarinas e depois como presidente de toda a divisão. Ao assumir o cargo, em 2004, após comandar a divisão de chás Lipton para a Ásia, em Xangai, viveu aquele que provavelmente foi o momento mais ousado de sua carreira. Kruythoff deixou a cidade de Durban, na costa Leste da África do Sul, onde funciona a sede da operação e mudou-se para Soweto, nos arredores de Johannesburgo.
Com cerca de 4 milhões de habitantes, Soweto nasceu como distrito destinado aos negros impedidos de morar em outras regiões da metrópole pela política do apartheid. Hoje, apesar de ter algumas áreas de classe média, a maioria de sua população vive em condições de pobreza muito semelhantes às das favelas brasileiras. A temporada em Soweto foi parte da estratégia de Kruythoff para entender os hábitos da população de baixa renda. "Nesse período, ele tomava trens e andava por lugares onde pouquíssimos brancos ousavam se aventurar", diz um membro de sua equipe sul-africana que pediu para não ser identificado.
A experiência de Kruythoff levou a Unilever sul-africana a revigorar a operação de alimentos, com lançamentos de produtos e novas estratégias de marketing. Graças a essas inovações, as vendas cresceram quatro vezes mais rápido que a média de anos anteriores -- e Kruythoff atraiu a atenção da direção mundial da empresa.
O novo presidente foi uma escolha pessoal do principal executivo da Unilever, o francês Patrick Cescau. Ele assumirá o posto de Prianti, que está no cargo há oito anos e vai se aposentar em 2008.
Kruythoff deve chegar a São Paulo até o fim deste ano e, por enquanto, ocupará a posição de vice-presidente sênior de operações antes de assumir o comando-geral da empresa. Uma vez no Brasil, Kruythoff deve concentrar seus esforços na área de alimentos, que conhece bem e hoje é a mais complicada da companhia.
A divisão de sorvetes Kibon, por exemplo, tem perdido participação no mercado de picolés, que há quatro anos era de 55% e hoje está em 42%, com base em dados da ACNielsen. Na área de caldos, temperos e condimentos, que engloba as marcas Knorr e Arisco, a participação caiu de 42% em 2001 para 37% em 2006, segundo a empresa de pesquisa Euromonitor. Até a linha de maionese Hellmann's, que adotou o conceito de produto mais saudável, perdeu cerca de 3 pontos percentuais de participação de mercado em quatro anos.
No Brasil, Kruythoff deverá adotar medidas consideradas pouco populares para aumentar a produtividade e os ganhos da Unilever. Na África do Sul, cortou custos, demitiu funcionários e extinguiu funções em que existia sobreposição de cargos. Uma de suas frases preferidas era: "Equipes inchadas acabam criando trabalho desnecessário".
Kruythoff tirou das prateleiras dos supermercados produtos com baixa rentabilidade e lançou novas variações de marcas importantes, como o tempero Knorr para saladas. Além disso, fechou uma das parcerias mais importantes da empresa, com a rede de varejo inglesa Woolworths, para armazenar linhas de produtos alimentícios, e ainda se envolveu na elaboração da estratégia de marketing da Unilever para a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.
Com discurso direto, Kruythoff costuma ser descrito como um executivo extremamente competitivo, daqueles que odeiam perder -- seja nos negócios seja numa partida de futebol de salão com os amigos.
As infos são do Portal Exame.