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Novo Festival do CCSP

O amor e a liderança sempre existiram (The Talent Business)

03.09.12


A mesa “Quem é o seu próximo? – a geração de líderes sem sucessores”, ocupou a Sala dos Espelhos no início da tarde deste domingo, 2, durante o segundo dia de atividades do Novo Festival do Anuário do CCSP, que acontece no Memorial da América Latina, em São Paulo.



Estrelada por duas profissionais da The Talent Business – Luciana Ceccato, head of planning and digital talent, e Ana Leme, diretora geral – a mesa levou à discussão um tema que tem ganhado cada vez mais importância nas atividades não apenas da indústria da comunicação, mas de todo o setor produtivo: como as diferenças entre chefes e líderes interferem na gestão do capital humano das corporações.



Após uma introdução do que seria abordado nessa mesa, feita por Ana Leme, Luciana conduziu os trabalhos, em uma envolvente apresentação que começou com a frase “A liderança sempre foi inspiração, mobilização e direção, sendo que na maior parte do curso da história, ela foi exercida pela autoridade”. “O amor e a liderança são coisas que sempre existiram, desde os tempos mais longínquos da civilização”, afirmou a head hunter.



Até o século 20, o líder era o detentor do conhecimento, o dono das decisões, sendo que a igreja, a família e o Estado eram as grandes instituições, as estruturas que representavam autoridade, hierarquia e respeito. Porém, ao longo do século passado, essas instituições se esvaziaram e a empresa passa a assumir um papel fundamental, se transformando em uma importante instituição. Ela vai liderar a transformação da sociedade e abrir novos mundos para as pessoas, com o trabalho ganhando dimensionamento que muda a forma de liderar. “O trabalho se torna uma dimensão quase totalizante da experiência humana e, nesse ambiente, uma nova liderança começa a emergir como elemento mais importante do mundo dos negócios”, Luciana destacou. Com isso, ela diz, "a forma de liderar mudou".



Surgiu, então, um novo líder. Mas quem é ele? Esse líder cria seu próprio destino, se emociona primeiro para depois emocionar os outros, cria líderes e não seguidores, sabe escutar, confia nos seus instintos e gosta de inovação e tecnologia, não sucumbe ao sucesso, aprende com o passado e o deixa para trás, sabendo tocar os corações e agregar sentido ao trabalho e à equipe.



Depois de dissecar o conceito de liderança, Luciana aprofundou sua apresentação falando sobre criação publicitária e liderança. Ela considera que, apesar da indústria ser da criatividade, as pessoas, em geral, são muito lentas em inovar, principalmente quando se fala de modelos de gestão de agências e de suas equipes de profissionais. “A indústria da publicidade, no Brasil, é relativamente jovem e foi construída em cima de personalidades, de ‘líderes-nomes’”, afirmou.



A head hunter considera que já está em curso um movimento de transformação, no qual as agências não terão mais em suas portas a marca do ‘líder-nome’, já que o negócio de comunicação bem sucedido será cada vez menos personalizado em um indivíduo. “Esta é a primeira geração de líderes de criação que tem tido que dividir o ‘estrelato’ com outras áreas das agências. Mas, independentemente de quantas áreas há dentro das agências, é importante sempre lembrar que todas elas só existem por um propósito: para colocar na rua um trabalho relevante. E, nessa indústria, relevância é criatividade”, Luciana explicou.



Para a palestrante, os tempos atuais são difíceis para os líderes criativos. “É um momento de transição de cultura de gestão e transições trazem desconforto e insegurança”, ela diz. “Os líderes de hoje estão produzindo ótimos criativos, porque foi assim que receberam o cargo de diretores de criação: pelo excelente trabalho que entregavam quando eram redatores e diretores de arte”. Ela contou que, quando, nas entrevistas com diretores de criação realizadas pela The Talent Business, é perguntado “Quem é o seu próximo?”, não há respostas, pois eles próprios foram reconhecidos pelo seu trabalho, não pela sua liderança. E eles mesmos não tiveram lições de como se tornar líderes, porque até agora este não era um tema nas agências.



“Formar sucessores hoje em dia tem a ver com ser um líder para eles, em vez de ser um chefe. Isso não garantirá que todos chegarão a posições de liderança, mas certamente produzirá novos líderes. Chefiar é fazer com que as pessoas façam algo. Liderar é fazer com que as pessoas queiram fazer algo”, disse Luciana. “Um chefe cria uma equipe de pessoas competitivas (entre si) e ocupadas, enquanto um líder desenvolve um time entrosado, competitivo (frente ao mercado) e produtivo. Um chefe precisa estar presente para existir, enquanto um líder existe em cada um dos seus, presente ou não. Um chefe precisa estar cercado de insegurança para se sentir seguro. Já um líder transmite segurança aos seus, inclusive por dividir com eles suas próprias inseguranças. Pois um chefe comanda e um líder comunica.”



A head hunter afirmou também que, diferentemente das épocas anteriores, hoje as pessoas escolhem onde querem trabalhar. “As pessoas da geração Y não se prendem mais a uma empresa, logo, se não estiverem satisfeitas em seu local de trabalho, trocarão tão fácil quanto trocam de roupa. E, com o mercado aquecido, provavelmente elas não ficarão um dia sequer desempregadas. Isso deveria ser motivo suficiente para as empresas preferirem ter líderes e não chefes”.



Luciana encerrou sua palestra afirmando que só o líder de criação tem a chance de subir o nível da conversa e da interlocução. E isso tem muito a ver com investir mais tempo em sua equipe do que em seus clientes. “Um chefe está chefe. Um líder, é, mesmo antes de ser reconhecido por isso no salário ou no organograma”, finalizou.


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