O espaço é seu

Semana passada aconteceu, em São Paulo, a premiação do Caboré. Entre vencedores e indicados, o que mais chamou a minha atenção foi o silêncio enquanto o homenageado da noite, Mauro Salles, falava ao microfone. Foi bonito de ver. E também raro, dado que nesses ambientes o comportamento geral é ouvir apenas o próprio umbigo.

Mas quem é esse senhor que fez “os caras” se calarem? Sem dúvida, um profissional como pouquíssimos. Ele não fez o anúncio que você viu ontem no adsoftheworld.com, ele não fez o Titanium do ano passado, ele não foi o mais premiado na Archive. Mas ele fez o que quase ninguém consegue nesse mercado: fez história.  Mauro Salles fez uma das maiores agências que existem hoje no mercado brasileiro: a Salles, atual Publicis.

Nosso mercado é assustadoramente voraz. Hoje, você é o tal. Amanhã, pode ser o quem??? É normal. Normal??? A nossa profissão não deveria ser assim tão descartável. A média de idade na criação das agências é de 25 anos. Isso é fato. Mas, porque é que tem que ser assim? Nada contra as pessoas de 25. Eu já fui uma delas. E foi quando conheci e aprendi muito com profissionais como: Silvio Lima, Aurélio Julianelli, Geraldo Alonso e Washigton Olivetto, apenas para citar alguns.

Que o mercado continue cobiçando os super-jovens. Mas, também, que comece a respeitar mais os super-experientes. Penso nisso, desde que tive a oportunidade de conhecer o Neil French, na JWT Brasil. Na época, ele era consultor criativo do grupo WPP. E viajava o mundo, espalhando sua história, seu charme e seu conhecimento pelas agências da rede mundo a fora. Foi um prazer ouví-lo. Mas por que o mercado brasileiro não valoriza e festeja os Neils Frenchs “made in Brazil”?

Por isso, foi tão importarte ver Mauro Salles no palco. E que se faça um coro em torno dele e de todos os outros que já tanto fizeram pelo mercado. Uma salva de palmas a vocês, mestres da propaganda brasileira.

Alessandra Pereira, 35 anos. Redatora da centoeseis

Leia nota relacionada, aqui.

Comentários

Eduardo Lopes - Puxa, Alessandra. Concordo plenamente com você, a não ser num ponto: acho um sacrilégio comparar o Mauro Salles a por exemplo o Silvio Lima, o Sérgio Graciotti ou o Agnelli, só para citar alguns. Eles sim, mereciam não estar só no hall da fama do anuário, aquelas páginas que toda a moçada de 25 nem lê. eduardolopes74@gmail.com

Celso - Achei brilhante. Também já passei dos trinta e tantos e cada dia mais vou sendo esquecido.

Norberto Isnenghi - Alessandra: Parabéns pelo seu texto! tive o privilégio de conviver profissionalmente com o também poeta Mauro Salles. Simplesmente grande como você muito bem diz: "fez história"