O Espaço é Seu

Num saudoso passado, falávamos de referências e sentávamos ao lado de nossas duplas, tirávamos dúvidas com a galera de mídia atravessando uma sala e pedíamos mais prazo para o atendimento indo até o andar de cima. A comunicação dentro de uma agência costumava ser assim. Em todas as agências pelas quais passei, e olha que já passei por várias, desde o trabalho chegar à casa até a hora de ir pra rua, eram árduos momentos de intensas conversas.

Pois bem, os tempos são outros e são duros. Em um mercado cada vez mais acirrado e competitivo, a pressão dos clientes por resultados paradoxalmente acompanha a desidratação do budget dos projetos. E precisamos ser mais ousados e criativos para fazer campanhas que agreguem conteúdo, investindo em mídias alternativas que ajudem a compreensão da comunicação em diferentes pontos de contato. Mas como fazer isso dependendo de calls intermináveis, regadas a filhos, cachorros, obras, internet que não conecta etc?

Para nós, profissionais de criação, é mais fácil. Estamos acostumados a trabalhar enfrentando os mais variados problemas e a nos adaptar em qualquer situação.

Aprendemos a falar com “certa propriedade” sobre mídia, planejamento, conteúdo, a entrar em um briefing de cabeça e conseguir tirar o melhor de cada trabalho. Muitas vezes, conseguimos traduzir em estética os problemas de bastidores de uma agência.

Hoje, vejo que o fato de estarmos trabalhando a distância faz com que profissionais de diferentes áreas aprendam e estudem mais sobre outras disciplinas. Isso acaba fortalecendo a equipe, enriquecendo o trabalho e, obviamente, agrega resultados relevantes na entrega final. Agora, antes de perguntar se a agência é 360º, se o projeto é 360º, procure se perguntar: sou um profissional 360º?

Luiz Barretto, diretor de criação da Gotcha