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O Espaço é Seu

A nobreza da publicidade (Henrique Rojas)

20.05.22

Já perdi a conta de quantas vezes ouvi que a publicidade é inútil para o mundo. Mais até: que ela é maléfica e que obriga as pessoas a comprarem o que não querem, nem precisam, com o dinheiro que não têm.

Devagar com o andor. Concordo que a propaganda não é a atividade mais vital do planeta e que essa aura de estrelas do rock que os publicitários ganharam com o passar dos anos – com prêmios, publicações e signos próprios –, é bastante exagerada. Mas daí a relegar o ofício ao ostracismo já é demais.

Primeiro porque, como diz o reclame de uma famosa rádio, “propaganda é informação”. E é justamente a forma com a qual a publicidade consegue deixar uma informação padrão muito mais atraente, clara e interessante (sem rebuscar demais), que faz dela um pilar mais do que necessário para as ferramentas de comunicação.

Segundo porque, muitas das vezes, somos serviço. Seja para dar coro a uma promoção que vai ajudar a fechar o orçamento do mês, para apresentar um app que vai mudar a sua rotina, para fazer rir em um dia complicado ou mesmo para lançar um produto que as pessoas sempre quiseram, mas não existia até então.

Por fim, mas não menos importante, porque a propaganda é parte do comportamento de uma nação. Quantos bordões não entraram para o vocabulário de gerações graças a um filme bem feito? Quantos jingles não cavaram espaços em nossas mentes e corações? Quantas marcas já não geraram memes que você dividiu com amigos pelo celular?

Pois é, publicidade também é cultura. E, ao meu ver, há nobreza em tudo isso.

Cresci em uma casa onde todos têm ocupações bastante nobres. Meu pai é agrônomo e há mais de 40 anos ajuda na produção de alimentos; minha mãe fez todas as funções domésticas possíveis, vendeu bolos e biscoitos, criou dois filhos em tempo integral; e meu irmão é fisioterapeuta especializado em neurologia, e ajuda centenas de pessoas a ter uma vida melhor todos os dias.

No entanto, nenhum deles nunca desdenhou do que faço – ao contrário, aliás, de alguns colegas de profissão que se autoproclamam “publiciotários”. Talvez por verem o quanto gosto do que faço, todo o suor derramado nestes anos, tantas pessoas que ajudei e me ajudaram e as muitas histórias incríveis que aprendi trabalhando com indivíduos tão especiais ao longo da carreira.

É óbvio que a publicidade ainda precisa evoluir em muitos aspectos. Mas, como escreveu Juliana Elia recentemente, “eu me sinto no lugar certo quando ocupo meu tempo falando sobre como a energia de uma marca de cerveja é produzida ou falando com um cliente de autos sobre a possibilidade de minimizar acidentes de trânsito por meio da comunicação”.

E vou além: me sinto no lugar mais do que certo quando participo de um projeto que pode parecer mundano, mas não apenas ajuda a vender mais, como também ajuda a indústria a se movimentar, a economia evoluir e a geração de empregos crescer, sendo parte vital dessa engrenagem.

Até porque, toda profissão é nobre. Inclusive a nossa.

Por Henrique Rojas, sócio e CSO (Chief Strategy Officer) da Peppery

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