O Espaço é Seu

Filho de uma grande atriz de teatro alagoana, cresci mergulhado na cultura popular nordestina. Nasci em Caruaru, no agreste pernambucano, vizinho a Bezerros, terra natal de J. Borges. As obras desse mestre, juntamente com Luiz Gonzaga, Ariano Suassuna e Mestre Vitalino, gravaram-se profundamente na minha alma, influenciando tanto minha personalidade quanto minha trajetória profissional.

J. Borges nos deixou hoje, aos 88 anos. Mas fica com a gente, para sempre, a obra que marcou profundamente a nossa cultura e ajudou a moldar a nossa identidade. Um artista, um grande contador de histórias, que usou a xilogravura e a literatura de cordel como janelas para o cotidiano do povo nordestino, trazendo à tona narrativas de amor, fé, luta e resistência.

Em um país onde a arte é muitas vezes filtrada por um olhar elitista, J. Borges desafiou essa noção, provando que a arte popular e a tradição podem caminhar de mãos dadas com o contemporâneo. Simples, elegante, atemporal. Na era da comunicação digital, a obra de J. Borges nos lembra do poder da arte popular como meio de expressão e resistência. Enquanto o mundo avança tecnologicamente, suas xilogravuras nos convidam a olhar para trás, a valorizar nossas raízes e a encontrar beleza nas histórias mais banais do cotidiano.

Sou profundamente grato a minha mãe por ter crescido envolto de orgulho por nossa cultura popular e por poder apreciar e aprender com a arte de J. Borges.

J. Borges se foi, mas fica com a gente, um dos maiores ícones da arte popular brasileira.

Fred Siqueira, CCO e cofundador da Ampfy

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