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O espaço é seu

Razões para ter um redator teofilandense na sua agência

07.04.14


{Carta enviada a Ricardo John, vp de criação da JWT, por um estagiário em sua última semana de contrato, afim de continuar na agência}



Cidade de Deus. Não, o filme não, essa é a tradução para Teofilândia, o nome da minha cidade. Em outras palavras, ser da cidade de Deus me coloca mais perto Dele do que qualquer outra pessoa. Então, isso significa que ter na sua agência alguém como eu pode ajudar muito naquela hora em que a concorrência chega, as ideias não saem e só um milagre pode salvar a apresentação.



Mas esse é só um dos poucos motivos que você tem para deixar um redator teofilandense continuar trabalhando na JWT.



Outra grande vantagem de dar oportunidade para um redator teofilandense é que você vai terá, com exclusividade, o único redator de Teofilândia trabalhando para você. Por vias comparativas, digamos que se só existe um David Droga no mundo o que dirá um redator saído do meio do mato, de uma cidade com 22 mil habitantes, ainda mais chamada Teofilândia? Pois é. Além disso, possuo alguns talentos ainda inexplorados, como fazer estilingues a partir de qualquer árvore e subir em coqueiros sem escada. O que pode não ajudar muito no dia a dia da agência, eu sei, mas é melhor não arriscar, não é?



Uma boa razão para me deixar aqui é que sou o 2º cara mais talentoso de Teofilândia. Fico atrás apenas de Koran que aprendeu a fazer tatuagens na cadeia e tatuou metade da cidade em poucos dias. Claro que, se eu quisesse, poderia me vender melhor e falar que sou o 1º, afinal, você nunca descobriria. Mas aí não seria verdade. O que mostra, cá pra nós, mais uma qualidade minha: a sinceridade.



É lógico que isso não significa que eu vou sair por aí falando que Pablo Lobo, na sua Dieta de Proteína, comeu 4 bifes à milanesa, 3 coxas de frangos e 6 calabresas porque “isso não tem carboidratos, posso comer o quanto quiser”. Ou que vou entrar na sua sala e assumir arrependido que, às vezes, quando a gente fica até tarde acaba bebendo algumas cervejas quentes. Não, isso não. Mas sou sincero o suficiente para poder falar que não sou sincero o suficiente para algumas coisas.



Além de tudo isso, ter um redator teofilandense trabalhando para você centraliza o bullying. Como tenho sotaque carregado, cabelo sempre molhado, barriga de índio e a beleza não é o meu forte, acabei virando o foco principal das brincadeiras. Ou seja: contar comigo faz toda a sua equipe trabalhar melhor, mais feliz e longe de apelidos e estresses desnecessários.



O fato de ser o melhor redator de Teofilândia também conta muito. E não falo isso para parecer presunçoso ou para mostrar o quanto você perderia se me perdesse. Falo isso apenas porque, como sou o único redator de Teofilândia, acabo sendo também o melhor. Por W.O., mas o melhor.



Outra vantagem: por ser matuto e fascinado, admiro com euforia tudo que a agência tem e faço propaganda (olha aí, a propaganda) para todo mundo. No meu primeiro dia de estágio, por exemplo, vi a máquina de Pilão e tratei de ligar para um amigo em Aracaju: “Caralho, eles têm uma máquina de chocolate quente aqui. Isso! De chocolate quente!”. Oito chocolates quentes e uma dor de barriga depois, lá estava eu no banheiro da agência, novamente ao telefone: “Puta que pariu, eles têm um papel em forma de coração para colocar em cima da privada, em cima da privada!”. Então, podemos dizer que contar comigo na equipe promove economia na verba destinada à campanhas institucionais da agência.



Uma mão na roda, não?



E tem mais: quando estiver em um churrasco, lá pela vigésima cerveja, com todos os presentes mais pra lá do que pra cá, você vai poder dizer que tem na sua agência um redator de uma cidade chamada Teofilândia. Todos irão rir e falarão coisas como: “Disneylândia?”, “E já chegou Coca-Cola lá?, “Teofilândia deve ser aquelas cidades que quando você consegue passar a segunda marcha, já saiu da cidade”. E aí vocês irão rir à vontade e o churrasco, que já estava meio no fim, vai ganhar força e entrar madrugada adentro.



É isso. Está quase tudo aí, quase todas as vantagens de deixar um redator teofilandense trabalhando na sua equipe. Agora, só depende de você.



Uma última coisa. Quando cheguei em São Paulo, recebi dois conselhos:



1) Há um guarda-chuva menor de 10 reais e outro maior de 15 - “este aqui não molha os pés, melhor levar ele”.



2) Você acaba de ganhar um estágio de 3 meses aqui, cara. Faça valer!



Demorei 5 pares de meias para dar o braço a torcer e levar o guarda-chuva de 15 reais. Mas desde o primeiro dia fiz de tudo para fazer valer.



Consegui?



Bruno Pereira, redator da JWT Brazil, que conseguiu alcançar seu intuito e foi contratado

 


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