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Para Neymar (por Bruno Pereira)
O menino caiu. E derrubou sobre nós um silêncio.
O mundo que, ansioso, esperava por uma tragédia fora de campo, presenciou uma tragédia ainda maior: dentro.
A maior tragédia do mundo.
Um atropelamento na Paulista. Um casal que se desfaz num porre na Augusta. Um homem que traz sua fome pra São Paulo.
Nada é mais triste do que aquele menino caído no campo.
Não o homem, não o jogador, não o ídolo. Mas o sonho. Aquele menino caído, aos gritos, com as mãos nas costas, é a imagem de um sonho desfeito. E só Deus sabe o quanto dói ver um sonho gritar.
Despedida. Adeus. Saudade.
A mãe que, emocionada, vê o filho voltar para casa. O homem que, despedaçado, sorri ao ver a sua amada abrir a porta arrependida de ter partido. O pai que, na sala de espera do hospital, vê o seu filho pela primeira vez.
Os olhares mais bonitos que podem existir na vida estão de luto.
Afinal, o menino caiu.
Só que ao contrário do que dizem, não foi ele que perdeu a Copa. Foi a Copa que o perdeu. Ele não está fora da festa. A festa é que não acontece sem ele. O menino não entra mais em campo. E o campo se torna menos campo sem ele. A bola menos bola. O gol menos gol. A alegria menos alegre.
Essa é a Copa feliz mais triste do mundo. A pior melhor Copa da história.
Em bares, clubes, casas; em ruas, bairros e praias; entre amigos, conhecidos e desconhecidos: beberemos a cada jogo, gritaremos a cada gol e sorriremos a cada vitória.
Mas, ao sentarmos na cadeira, naquele breve silêncio que precede o grito, lembraremos dele, do seu grito, da sua dor.
E o Brasil, do corrupto ao pobre, do assassino ao pai de família, do gari ao empresário, do mendigo ao playboy, estará unido por um suspiro de saudade.
Uma saudade de você, menino.
Que parece jogar a Copa como nós fazíamos nas partidas mais secretas da nossa infância, revogando o direito e bradando cada vez mais alto a frase: "Eu sou o Neymar, Eu sou o Neymar, Eu sou o Neymar".
Bruno Pereira, redator da JWT