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O espaço é seu

O artigo que me propus a escrever aqui (SxSW)

05.04.10

Cinema, música e interatividade são a santíssima trindade da cultura digital. E, durante 10 dias, em março, as novidades desse triângulo foram discutidas e vividas no South by Southwest (SxSW), em Austin, Texas. É o meu segundo ano no festival, mas só o primeiro acompanhando também a parte de interatividade.

Com tantas palestras e painéis (http://my.sxsw.com/events/a2z/Interactive), você monta o festival que acredita ser ideal, indo do Festival-que-diz-o-que-todo-mundo-diz até o Festival-que-diz-o-que-ninguém-nunca-pensou-que-ia-ser-dito. Eu, particularmente, optei assistir ao Festival-que-não-tem-obrigação-de-dizer-alguma-coisa.

No Festival-que-não-tem-obrigação-de-dizer-alguma-coisa, diferentemente de um festival de palestras com gurus cibernéticos, o que mais se discute são caminhos inacabados e teorias incertas, tudo menos o concreto. Afinal, esta é a internet hoje: os modelos de negócios não são exatos e não são obrigados a seguir regras, caso queiram dar certo, ou não.

No Brasil, os encontros e eventos sobre interatividade e tecnologia nos fazem voltar para a casa com 1 milhão de regras dentro de centenas de arquivos de PowerPoint, bem diferente da proposta do SxSW e do artigo que me propus a escrever aqui.

O Artigo Que Me Propus A Escrever Aqui

Geo-Localização é a palavra do momento, anos de redes sociais foram necessários para ensinar a seus usuários como lidar com a privacidade digital e até onde ir com ela. Se o Twitter pergunta o que você está fazendo, o Geo-Localização pergunta onde você está.

Programas como o Foursquare (http://www.foursquare.com/) e o Gowalla (http://gowalla.com/), que usam a web e o mobile, montam uma rede social baseada em localização, ajudando o usuário a receber e compartilhar informações sobre os lugares que visita.

Entrou em um restaurante? Automaticamente o aplicativo identifica onde você está. Você pode compartilhar essa localização com seus amigos (e descobrir se tem alguém por perto) ou ler comentários que outros usuários deixaram sobre o prato que você escolheu (e poder trocar rapidinho, caso tenha pedido o Risoto de Camarão).

Feeling é o que mais se exige no mercado digital, hoje em dia. Há cerca de um ano e meio, o Google lançou o Latitude, serviço de localização que não foi muito aceito na época. Isso porque os usuários ainda não estavam preparados para ceder um pouco mais da pouca privacidade que tinham. Hoje, parece que já estão aceitando essa troca, enxergando a vantagem de possuir esse serviço e, ainda, de quebra, ganhando em entretenimento. Serviço porque você pode saber mais sobre os lugares que visita e onde estão seus amigos. Durante o festival, o Foursquare foi mais usado do que os serviços de SMS. Era muito mais fácil entrar no aplicativo para saber em quais palestras/lugares/shows estavam seus amigos do que ligar ou mandar mensagens pra todos eles. E, além de saber onde eles estavam, a partir dos comentários dava para decidir se valia a pena ir ou não. Entretenimento, porque transforma as informações de serviço em diversão. No Foursquare, por exemplo, quando você é a pessoa que mais visita um determinado lugar, você vira “mayor”. Nos EUA, os mayors têm descontos e presentes sempre que visitam novamente os estabelecimentos onde conquistaram o status.

Uma coisa legal que o Geo-Localização nos mostra no ambiente online é o amadurecimento das pessoas nas relações digitais. O lado negativo nesse ambiente ainda é a grande replicação de informações já digitalizadas. Muitos são os que replicam informações, mas poucos os que criam e que trazem novos conteúdos para esse grande banco de dados.

As pessoas continuam criando blogs, tumblrs e twitters, mas a maioria esmagadora desses usuários só copia ou reorganiza conteúdos que já estão disponíveis. Pesquisas indicam que só 1% dos internautas realmente produzem conteúdo na internet, 10% vão interagir e colaborar com esse conteúdo e os outros 89% são somente espectadores. É aí que nasce a inovação. Quando grande parte da informação é apenas reorganizada ou reeditada, diferente é quem insere algo novo na discussão.

E, para finalizar, uma regra: seguir regras e dogmas é novamente replicar conteúdo já existente. Experimente. A internet é só uma adolescente. E o que menos se espera de uma adolescente é coerência.

Paulo Lemos

Diretor de Arte da NEOGAMA/BBH

 

Comentários

admirador -  Poxa PL você me mata de orgulho, to emocionado!

 

Ariane -  "Chefinho" : ) saudades.

 

William -  Boa Peèle! Gostei!

 

Mercedes - Você devia escrever mais Peele. Essa cabecinha está sempre léguas à frente de todo mundo. Nunca me enganei com você. Ha! "super da minha laia" :)

 

 

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