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Carro autônomo é oportunidade para marcas (Luciana Vidigal)
Enquanto pairam dúvidas sobre quem irá dominar o mercado de carros autônomos (China ou Estados Unidos) ou quando eles estarão nas ruas de outros países (em médio ou longo prazo), uma coisa é certa: esse tipo de veículo representa muito mais do que uma solução de mobilidade urbana futurista.
Veículos sem motorista já circulam há vários anos pelas ruas de São Francisco, Los Angeles, Phoenix e Austin (nos Estados Unidos), em Seul (Coreia do Sul) e em várias cidades chinesas (como Pequim, Xangai e Wuhan). O sucesso deles nesses locais tem alavancado iniciativas inovadoras, como um serviço de robô-taxi criado na Califórnia, que é especializado no traslado de adolescentes que vão ou voltam de festas, shows e similares.
Sim, os aplicativos convencionais oferecem essa conveniência já faz tempo. Entretanto, ainda pecam no incontornável quesito segurança pessoal. O risco de assédio e violência envolvendo motoristas preocupa os pais e pesa a favor de um serviço sem o fator humano, como o táxi robô. É por esse e outros diferenciais que o autônomo precisa entrar no radar das marcas, desde já.
O que as marcas não podem perder de vista?
Para começo de conversa os veículos sem motorista reúnem os maiores players do segmento automobilístico e de tecnologia, somando forças, recursos financeiros e uma trajetória já consolidada no mercado. A Waymo pertence à Alphabet (proprietária do Google), a Pony.ai tem o apoio Toyota, a Apollo Go é subsidiária da Baidu, a AutoX está ligada ao Alibaba, Uber tem sua versão sem motorista, Hyundai planeja reforçar sua parceria com a startup de mobilidade 42dot, e a Tesla promete entrar com tudo nessa disputa. De acordo com um estudo da consultoria McKinsey, os investimentos no carro autônomo, desde 2010, ultrapassam o montante de 100 bilhões de dólares.
Os carros autônomos também têm melhor desempenho quando se trata de segurança no trânsito. Esse é um ponto polêmico, já que casos de acidentes com este tipo de veículo ganharam destaque na mídia, gerando incertezas quanto à confiabilidade dessa solução. No entanto, a situação é parecida com o temor que muitos sentem em relação a acidentes aéreos. Apesar de incomuns, eles são amplamente noticiados, gerando a falsa percepção de que uma viagem de avião é mais perigosa do que uma viagem de carro.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 90% dos acidentes de trânsito são decorrentes de falhas humanas. Um estudo publicado na revista científica Nature Communications mostra que o veículo autônomo é mais seguro do que o convencional, porém torna-se mais vulnerável a erros quando há pouca luz ou curvas no caminho. É de se esperar que essas deficiências sejam corrigidas em breve, levando a um patamar de segurança incomparável.
A sustentabilidade também conta muitos pontos para o carro sem motorista. A imensa maioria deles é movida à eletricidade, tendência que ganha força em todo o mundo, sobretudo entre gerações mais novas. Além disso, por ser um veículo inteligente, cuja condução e manutenção acontecem com mais rigor e perícia, problemas como desgaste, quebras e falhas são reduzidos consideravelmente. Com uma vida útil maior, seu processo produtivo provoca menos impactos no meio ambiente.
Atributos alinhados às pautas globais
Segurança, sustentabilidade, inteligência e boa performance. Com tantas qualidades relevantes e em sintonia com as grandes pautas globais, o carro autônomo tem tudo para virar palco de estratégias comerciais e de marketing bem-sucedidas. Não é difícil cogitar lançamentos em primeira mão para os passageiros, durante uma viagem. De alimentos a vestuário, passando por devices, há uma miríade de categorias de produtos que se encaixa nessa possibilidade.
Munido de dados, em tempo real, da cidade e do cliente, o veículo sem motorista facilmente assume a condição de assistente virtual. Ciente de que haverá um shopping no caminho e de que o pai do passageiro faz aniversário, ele pode dar dicas de ofertas e promoções. Da mesma forma, será capaz de compartilhar informações com viajantes (como um guia de turismo virtual), contando sobre uma exposição de arte imperdível ao longo do trajeto.
É claro que a cada avanço tecnológico, surge um desafio. O acesso a tantos dados pessoais do passageiro, por exemplo, demandará respostas de segurança e privacidade altamente robustas. Desenvolver a infraestrutura necessária para as cidades que o receberão é outro gargalo. De todo modo, é essencial ter em mente que a ausência de um motorista não é a única atração dos autônomos. Uma viagem dentro dele jamais será apenas ida ou volta de algum lugar. Marcas atentas a essa realidade irão longe com o carro autônomo.
Luciana Vidigal, publicitária, entusiasta da transformação digital, consultora de comunicação e novos negócios
Leia texto anterior da seção "O Espaço é Seu", aqui.
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