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Quem vai comprar tudo isso? (Marcelo Ribeiro)
Outro dia ouvi uma fala do Anselmo Ramos, em um painel em Cannes, que gerou polêmica.
Ele disse que a melhor dupla de criação do mundo é um brasileiro e uma IA.
Conclusão lógica: metade da criação pode ser dispensada.
Muita gente ficou horrorizada, mas o que o Anselmo disse não é nenhuma novidade.
Goldman Sachs, Harvard, MIT, Fórum Econômico Mundial, ONU, consultorias e big techs estão dizendo a mesma coisa: dá pra reduzir o número de pessoas usando IA — em quase todas as áreas.
Pra quem não é dono do negócio, é ruim ouvir isso.
Mas com o tempo, vai ser ruim pros donos também.
No curto prazo, parece ótimo pros acionistas.
As empresas vão fazer mais com menos gente. Bater metas. Distribuir bônus.
Mas se essas previsões se confirmarem, vem a pergunta: quem vai comprar?
O capitalismo só funciona se o consumo crescer — sempre.
A cadeia é simples:
• Indústria produz
• Publicidade cria valor
• Mídia veicula
• Comércio oferece
• Consumidor compra (e alimenta o ciclo)
A IA pode turbinar todos os elos. Pode fazer tudo.
Menos comprar.
Só o humano consome por desejo.
E o consumidor é o coração dessa cadeia.
Sem ele, a publicidade perde sentido. A indústria encalha. A mídia esvazia. O comércio quebra. E o governo não arrecada.
Um desempregado a mais é um consumidor a menos.
Então como essa conta fecha?
Vai ter renda básica universal? Beleza.
Até o Elon Musk defende isso. Mas quem vai pagar, se o governo arrecada menos?
E mesmo que pague — vai dar pra comprar um tênis novo? Tomar uma cerveja? Trocar de geladeira?
Ou vai servir só pra existir?
É um paradoxo maluco: a hiperprodutividade do sistema pode acabar quebrando o próprio sistema.
Até os bilionários precisam de uma sociedade minimamente saudável pra viver.
Imagino que, nesse instante, tem gente tão inteligente quanto quem criou as IAs pensando em como resolver isso.
Pra mim, parece que o caminho agora é pensar mais coletivamente.
Porque, se o nosso papel é estimular o consumo, então a gente precisa cuidar pra que as pessoas continuem tendo renda pra consumir. Inclusive a gente.
Bom, mas se tudo der errado…
Cannes 2026 tá logo aí pra salvar o mundo, né?
Brincadeiraaaaa.
PS: escrevi esse texto em dupla com o ChatGPT. É bom mesmo esse negócio.
Marcelo Ribeiro, executive creative director da BETC Havas
Leia o texto anterior da seção "O Espaço é Seu",23 aqui.
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