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Criatividade humana é ativo + valioso (Ricardo Big Passos)
Depois de alguns anos longe do Festival de Cannes, voltei em 2025 com a mala carregada. De ideias, de contatos relevantes, de encontros potentes e, principalmente, de reflexões que quero dividir por aqui de forma transparente.
Primeiro, o festival em si. Cresceu. Ganhou escala, volume e infraestrutura. A Croisette virou uma aula a céu aberto de ativações, experiências e conexões criativas. Nesse aspecto, é um evento que realmente impressiona.
Mas, apesar disso, as palestras me deixaram um pouco aquém das expectativas. Muitas foram curtas e acabaram esbarrando na superficialidade. Pelo menos nas que participei, saí com poucos aprendizados ou provocações reais. Aliás, para mim, são os Grand Prix (mesmo os mais controversos) que apontam os rumos do nosso mercado com mais clareza do que qualquer keynote. E esse ano eles mostraram algo que me chamou a atenção: quanto mais a automação avança, maior o risco da comunicação virar um mar de mesmice. A ferramenta sem inputs precisos vira decisões baseadas só em números: sem emoção, sem coragem, sem alma.
O que mais me marcou? A busca pelo equilíbrio. A moderação entre automação e o humano, entre inteligência artificial e craft. Saio de Cannes com uma perspectiva um pouco mais otimista. Por mais que a IA esteja transformando tudo ao nosso redor, a criatividade humana continua sendo nosso ativo mais valioso. E talvez agora ela volte a ser valorizada como tal.
Imagine um mundo 100% automatizado. Quando tudo for padronizado, pasteurizado e produzido por máquinas, o que vai fazer uma marca se destacar será justamente o que for mais humano, mais sensível, mais artesanal. O craft pode não ser a nova tendência dominante, mas com certeza voltará a ter valor.
Não acredito que seremos substituídos. Acredito na simbiose entre homem e máquina. Nem um futuro totalmente digital, nem um retorno nostálgico ao passado. Mas, sim, um equilíbrio entre eficiência e sensibilidade.
Sinto que esse pêndulo começa a mudar de direção. E talvez o futuro seja, sim, mais promissor para quem trabalha com arte, com originalidade e com profundidade.
Se esse for o caminho, estamos mais do que prontos.
Ricardo Big Passos, sócio e vp criativo da produtora de animação Big
Leia texto anterior da seção "O Espaço é Seu", aqui.