O Espaço é Seu

A nova propaganda brasileira tem CNPJ independente

Durante décadas, os grandes grupos multinacionais ditaram o ritmo do mercado. Eram eles que dominavam os prêmios, os maiores contratos e as manchetes. Mas essa lógica está mudando — e rapidamente.

Hoje, algumas das campanhas mais relevantes do mercado saem de agências independentes. Sem capital estrangeiro. Sem estruturas mastodônticas. Sem rede global. Mas com talento, visão estratégica, agilidade e uma cultura criativa viva, pulsante e conectada com o agora.

E esse movimento não é só brasileiro. É global.

A Someplace, por exemplo, foi criada por líderes criativos que comandaram por anos a comunicação da Nike na Wieden + Kennedy.

Ajaz Ahmed, fundador da icônica AKQA, deixou sua própria criação para abrir uma nova agência independente, voltada para construção de marcas com propósito.

Nos Estados Unidos, a Special US vem se consolidando como uma das hotshops mais badaladas da costa oeste, com campanhas para Uber Eats e Fox Sport.

Aqui no Brasil, vemos o mesmo sopro de reinvenção, com agências como a 35, Gana e Tech & Soul, que estão construindo relevância de verdade, do zero, com ideias que nascem do diálogo, não do organograma.

Esse movimento tem uma raiz em comum: grandes líderes com vontade de voltar a fazer publicidade com propósito, profundidade e proximidade.

As agências independentes entenderam antes o espírito do tempo. Enquanto muitos ainda vendem "soluções integradas", elas entregam soluções verdadeiramente integradas à realidade dos clientes.

Menos burocracia, mais conversa. Menos relatório, mais entrega. Mais parceria, menos Power Point.

Elas vivem mais próximos dos fundadores, dos CMOs, dos times de marketing. Não ficam seis meses discutindo o briefing ideal — constroem junto. E por isso estão moldando o novo jeito de fazer propaganda.

Esse movimento não é “antigrupo”.

É pró-ideia.

É pró-agilidade.

É pró-marca.

É pró-pessoas.

A propaganda brasileira está se reinventando. E grande parte dessa reinvenção está sendo escrita — com consistência e consistência — por quem tem nome próprio na porta.

O futuro pertence a quem assina o presente com ideias.

E isso, por si só, já diz muito.

Astério Segundo, founder, CEO e CCO da 35

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