O Espaço é Seu

O que publicidade e agrofloresta têm em comum? Antes de responder a esta pergunta, vamos começar com uma verdade: a publicidade, muitas vezes, ainda se prende a modelos e soluções prontas. Áreas departamentalizadas, reforço de estereótipos e cases fantasmas feitos apenas para ganhar prêmios. Indo contra essa cultura, existem olhares que questionam, vão além do óbvio e buscam construir trabalhos e fluxos que estão em constante transformação. Foi em um papo recente com Beto Bina, fundador e CEO da FarFarm, que refletimos sobre nosso papel como comunicadores e o futuro da criatividade.

As agroflorestas, ou sistemas agroflorestais, são um formato de produção que combina árvores com culturas agrícolas e animais no mesmo espaço, visando a sustentabilidade ambiental e econômica – e a sustentabilidade do nosso mercado de trabalho depende cada vez mais da co-criação e de estratégias que já começam sendo feitas sem barreiras. Na visão do Beto, inclusive, a palavra "sustentabilidade" se tornou vazia. Isso porque o mundo não é sustentável, ele evolui e se transforma.

A agrofloresta vem como uma solução para o consumo e agricultura. É uma nova visão que junta high-tech com tecnologia ancestral. Paralelamente, vivemos um mercado que historicamente foca no consumo e no curto prazo, que se concentrou no viral e esqueceu de criar culturas, de se mover no mesmo ritmo da natureza, que é de transformação. Mas, em vez de aceitar o "quero um viral no TikTok", podemos investigar a fundo o briefing e mostrar que a solução pode ser algo completamente diferente do que se imaginou.

É por isso que precisamos ir além da propaganda e focar na comunicação. Ou seja: nos conectar com outras disciplinas, olhar para fora da nossa bolha e usar a nossa inquietude e determinação para criar algo de valor para a sociedade. Afinal, como Beto disse, “se a gente vai ser extinto, que seja com elegância e deixando algo interessante para as outras espécies”. E essa é uma mensagem que a publicidade, e nós, precisamos levar a sério.

Não podemos esquecer que somos aceleradores de uma cadeia de consumo, muitas vezes inconsequente, e que temos a responsabilidade de ajudar a criar um equilíbrio entre consumo e regeneração, tanto ambiental quanto social. Só dessa forma conseguimos garantir que a publicidade siga sendo relevante para nossa sociedade.

Bruno Lunardon, sócio e CEO - SoWhat

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