Pesquisa

O Nickelodeon, canal infantil de TV por assinatura, acaba de divulgar pesquisa sobre o comportamento de crianças em 14 países do mundo.

No Brasil, o estudo é entitulado Equilíbrio Emocional da Criança Brasileira: o que pensa, com que se preocupa, como age e o que espera do futuro, e foi realizado pelo Instituto Synovate.

Essa geração já nasceu navegando na internet, vendo TV por assinatura e usando celular e, portanto, possui outras perspectivas com relação ao futuro, família, emprego, religião e relacionamentos, diz o estudo que apurou, entre outros dados, que a criança brasileira é a mais estressada do mundo. 

Para avaliar as expectativas e ansiedades dos pequenos, a pesquisa adotou o conceito de Well Being como algo além do bem-estar físico, mas avaliando seu estado psicológico, que permite seu desenvolvimento. O equilíbrio emocional é determinado por três critérios: 1) Estou seguro? 2) De onde venho? 3) Para onde vou?

Das entrevistadas, as crianças brasileiras lideram (além do ranking do "estresse"), a lista das mais nacionalistas do mundo, junto com as crianças da Índia e da Indonésia: 99% dos pequenos na Indonésia e na Índia se consideram nacionalistas. O Brasil vem logo depois, com 98%; seguido da Argentina, com  94%, África do Sul, México e Estados Unidos, com 92%, e, por último, Japão, com 30% .

O pequeno brasileiro também é o que mais acredita que a vida nos Estados Unidos é melhor do que a que tem em seu país natal, apesar de ser nacionalista, o que já é um primeiro ponto de conflito interno.   
  
De todos os países pesquisados, as crianças brasileiras são as mais preocupadas do mundo com sua segurança – 75%. A Indonésia está em segundo lugar, com 68%, e a África do Sul em terceiro, com 67%.

O maior medo das crianças no mundo é o da morte dos pais. No Brasil, esse medo está acima da média dos países pesquisados. A Indonésia lidera o ranking com 100%, seguida de Brasil, México e África do Sul, com 98%. As dinamarquesas são as que menos medo têm da morte dos pais (81%).

Das brasileiras entrevistadas, 87% têm medo de terrorismo, enquanto que, nos Estados Unidos, apenas 57% tem esse medo, apesar dos ataques sofridos pelos norte-americanos. A Indonésia é o país cujas crianças têm mais medo de terrorismo: 93%.

Segundo Beatriz Mello, responsável pelo departamento de Pesquisas da Nickelodeon, no Brasil, embora o Brasil não vivencie  o terrorismo, para as suas crianças ele está presente, já que são bombardeadas o tempo todo por notícias internacionais.

No Brasil, os sites mais visitados pelas crianças são os de relacionamento (Orkut, MSN), canais de TV, jogos e personagens. Cada vez menos pais e filhos passam tempo juntos e cada vez mais os pequenos se aproximam dos amigos, embora  virtualmente, por meio destes sites. 

De qualquer forma, para as crianças brasileiras os pais são seus melhores amigos e, às vezes, o estresse dos próprios pais acaba afetando o relacionamento com os filhos.

Com relação ao futuro, a pesquisa revela que as crianças estão, em sua maioria, preocupadas com temas não pertinentes à sua idade e ligados ao sucesso.

Quando questionadas sobre o que as preocupa mais, 96% das crianças brasileiras disseram que é conseguir um bom emprego. Em seguida, aparecem Argentina e África do Sul, ambas com 80%, e México, com 73%.

As crianças do Brasil também lideram o ranking no quesito “me preocupa fazer meus pais felizes”, com 95%, número bem superior ao dos Estados Unidos (30%), da Dinamarca (10%) e do Japão (5%).

Numa época em que a anorexia está em debate, um dado que deve servir de alerta: estar acima do peso também é uma grande preocupação das crianças brasileiras. Das entrevistadas, 66% afirmam se preocupar muito em não serem gordas. 

A partir dos dados apurados, a pesquisa revela que a criança brasileira é também a mais estressada do mundo. Ela é a que mais sofre os sintomas negativos da globalização. Sente-se mais insegura e, principalmente, preocupa-se mais em participar do mundo globalizado e corresponder às expectativas dos pais.

Para fugir do estresse, as crianças brasileiras (assim como as dos outros países entrevistados) relaxam assistindo TV e ouvindo música. No Brasil, chorar também é uma válvula de escape para o estresse: 32% delas choram para liberar o estresse, enquanto que a média mundial é de 25%.

“As crianças do mundo todo estão ficando cada vez mais sozinhas e, desse jeito, antecipam uma característica da adolescência, que é a solidão”, finaliza Beatriz.  

Comentários

Ciça - Que triste... Em pensar que a infância deveria ser só diversão... Eles se tornam adultos muito mais cedo e levam um monte de problemas junto com essa maturidade precoce. Acho que nós, pais, passamos muito pouco tempo com eles, essa é que é a verdade. Quem foi que colocou na cabeça da mulher que ela tinha que ser independente e trabalhar fora?? Gente louca...

vitor veras - Acredito que não só as crianças, mas tb os pais estão ficando muito sozinhos, por isso o único cano de escape do estresse diário é a própria família. É uma bola de neve. Os pais são muito pressionados por resultados e acabam pressionando seus filhos para conquistarem o que muitas vezes eles não conquistaram. Mas claro, isto é só um dos fatores, existem inumeros outros. missaoalien@yahoo.com.br