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Como remunerar sócios?

09.08.10

Qual é a contribuição que cada sócio dá para os negócios? Quais funções são mais estratégicas? Como remunerar o trabalho dos sócios? Estas são apenas algumas das questões que passam pela cabeça de todo empresário e que geram muitas dúvidas.


A falta de pragmatismo e de clareza de critérios na gestão do desempenho entre sócios pode, com o passar do tempo, gerar insatisfações e comprometer o andamento da empresa.


O estudo “Perfil e Organização das Sociedades nas Pequenas e Médias Empresas Brasileiras”, realizado pela Piccini & Fumis em parceria com a Exame PME, mostrou que nas pequenas e médias empresas 35% dos sócios não estão satisfeitos com a remuneração e 43% não acreditam que a remuneração considera contribuição/resultado.


O desalinhamento da relação entre sócios pode ser ainda mais prejudicial quando não se tem claramente definidos papéis e responsabilidades, além de uma política de governança e gestão do negócio. Muitas vezes, é necessária também uma revisão das formas de remuneração.


“Uma das prioridades quando começamos o trabalho em uma empresa é justamente clarificar as relações entre os sócios”, diz Marcos Piccini, sócio-diretor da Piccini & Fumis Consulting & Management. “Se a relação não for bem estruturada, o reflexo no desempenho do negócio, incluindo rendimento dos funcionários, vendas e crescimento, é evidente, o que diminui as chances do negócio ser sustentável e duradouro”.


Um tema bastante obscuro nas sociedades é a diferença entre remuneração do trabalho e remuneração do capital, geralmente tratados com se fossem iguais. Marcos explica que, de forma resumida, o primeiro deve ter uma relação direta entre a importância do papel exercido pelo sócio na operação e gestão do negócio, combinado com o seu desempenho no exercício deste papel. Já o segundo deve ser exclusivamente relacionado à participação do capital social na empresa.


No início de uma empresa, ainda que haja um plano detalhado, é muito difícil prever qual será o desempenho do negócio. Essa incerteza diminui a possibilidade de se estabelecerem critérios de participação e remuneração atrelados ao nível de contribuição dos sócios, já que não se sabe exatamente quanto e como cada um poderá contribuir e ainda não existem bases de comparação.


“Na fase de start-up é comum e até aceitável que os sócios dividam a remuneração igualitariamente entre todos. Nesta fase, por existir uma consciência coletiva da dificuldade de medir as respectivas contribuições, há uma tolerância entre os sócios para que esta seja feita de maneira igualitária, gerando um sentimento de justiça e de consequente satisfação”, explica Marcos Piccini.


É preciso ter consciência de que, em algum momento, o contrato terá que ser revisado. Isso porque, com o crescimento e amadurecimento da empresa, a participação e contribuição de cada sócio passam a ser mais evidentes. “A divisão igualitária passa a ser vista como injusta e a gerar insatisfações, principalmente por parte dos que mais contribuem, levantando a questão da meritocracia - remuneração baseada no desempenho”.
Portanto, a mesma política de participação igualitária na remuneração que contribui significativamente para manter os sócios engajados e satisfeitos na fase de start-up, pode se transformar em uma grande ameaça para a prosperidade do mesmo negócio na fase madura.


De acordo com Piccini, a manutenção da política de remuneração igualitária nestas condições será um “tiro no pé” do próprio negócio, pois ela aumentará as chances de ruptura na sociedade. Para piorar, muito provavelmente, os sócios descontentes serão aqueles que mais contribuem para o resultado dos negócios e a saída destes terá impacto significativo nas chances de sucesso da empresa.


“Uma das formas mais eficazes de minimizar este risco é a realização de um fórum frequente para a criação de critérios e avaliação de desempenho entre os sócios”, conclui Marcos Piccini. Apesar da importância desta prática, o estudo mostrou que apenas 47% das empresas atuam com esse tipo de sistemática.


 

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