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PicNic! Festival

Crônica de um verão holandês nº 1

14.09.11

O PicNic deste ano fala de urbanismo e das cidades do futuro. Hoje de manhã, pra ir ao evento, experimentei a Amsterdam do presente.
 
Na porta do hotel, um tramway, espécie  de metrô de superfície, levou-me até a estação central da cidade, em dez minutos. Dentro do trem, uma moradora estacionou sua bike na parte do vagão feita especialmente pra bicicletas.
 
Na estação central, uma quantidade absurda de opções pra continuar o trajeto: mais tramways, táxis, bikes pra alugar, muitos ônibus e ferryboats por todos os lados.
 
Pra chegar ao PicNic basta pegar um dos ferryboats que partem a cada dez minutos da mesma estação e param do outro lado das docas, onde o evento acontece. Dentro da balsa, mais bicicletas, motos, pedestres e muito vento na cabeça, mas muito vento mesmo.
 
O PicNic é um evento que só poderia acontecer na Holanda: o país que fundou Nova York, criou o Big Brother, teve a primeira cena de nudez num canal aberto de televisão e formalizou o primeiro casamento homossexual do mundo. Além desse histórico invejável, é aqui que se vê putas exibindo-se em vitrines no centro da cidade, que se compra maconha como compramos vinho no Brasil e que se fala uma língua em que as vogais praticamente inexistem.
 
O primeiro dia do evento foi como o vento que atordoou minha cabeça na balsa no começo da manhã: um jorro de informações e assuntos caoticamente orquestrados. A organização do evento é como tudo por aqui: simples, correta, contida e quase mambembe, mas ao mesmo tempo de uma sofisticação humilhante pra nós brasileiros emergentes que gostamos de tudo perfeito, impecável e novo.
 
Físicos, matemáticos, cientistas, PhDs, publicitários e alguns embustes tomaram os palcos do evento pra refletir sobre como vamos viver nos próximos anos.
  
A premissa de toda palestra é: estamos atingindo a marca de 8 bilhões de pessoas no mundo e quase 75% dessas pessoas vivem em cidades; pra entender o ser humano temos que entender as cidades.
 
Tamanha pretensão já dá dicas de que não vamos chegar – ainda bem – a nenhuma fórmula ou solução pra resolver os problemas da humanidade. Vamos ficar mais próximos do que disse Robbert Dijkgraaf, físico, matemático e presidente da Royal Netherlands Academy of Arts and Sciences, ao citar Sócrates – não o jogador de futebol – “Só sei que nada sei”.


José Porto - Diretor Nacional de Planejamento da F/nazca S&S, direto de Amsterdã


Leia texto anterior sobre o festival aqui.
 
 
 
 
 

PicNic! Festival

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