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Plantão #CodeRed: A Arte da Marca

Marcas e agências: vamos falar sobre o alerta da ONU?

23.08.21

Desde que a ONU atualizou os dados sobre a crise climática, fazendo a alteração de alerta amarelo, de atenção, para vermelho, o Clubeonline tem procurado agências, produtoras, anunciantes, veículos e especialistas no tema para o fomento do debate em torno das mudanças que estão nos afetando hoje e irão nos afetar ainda mais amanhã, se medidas concretas não forem tomadas.

Um relatório produzido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), o sexto em sua história, feito com a ajuda de centenas de cientistas, mostrou que o limiar do aquecimento global (1,5 graus Celsius acima do período pré-industrial) será atingido em 2030, dez anos antes do que se projetava.

Apontou também que algumas situações são irreversíveis – mesmo que dediquemos séculos para combatê-las. O estudo alerta que as ondas de calor e incêndios, além de outros eventos climáticos extremos, se tornarão mais severos.

Diante do cenário, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu a união de governos, empresas e sociedade no esforço para recuperar o planeta dos danos causados pela ação humana.

Para discutir esse tema e o que pode ser feito pelo mercado de comunicação a partir do alerta da ONU, criamos a série Plantão #CodeRed, o “código vermelho para a humanidade”, como sinalizou Guterres.

Já contribuíram com a proposta, compartilhando suas análises:

- Raoni Rajão, professor da UFMG e especialista em gestão ambiental, que é um dos participantes do Festival do Clube 2021 falando sobre o futuro do planeta e da Amazônia;
- Rui Branquinho, cofundador e CCO da agência GiveBack;
- Fernando Meirelles, sócio da O2 Filmes e “diretor-metido-a-ambientalista”;
- Marcelo Reis, coCEO e CCO da Leo Burnett Tailor Made;
- Denise Hills, diretora global de sustentabilidade da Natura.
- Beto Fernandez, fundador e criativo na Activista Los Angeles.

Agora a palavra está com Cecilia Novaes, sócia da consultoria de pesquisa e estratégia A Arte da Marca e professora da Miami Ad School no curso Strategy Camp. Em março, a consultoria divulgou o estudo "Sustentabilidade Dossiê Brasil 2021", que acompanha o nível de entendimento que os brasileiros têm sobre o tema (ele pode ser acessado aqui, a partir da aba "Cases"). Cecília foi head de planejamento na DPZ, na F/Nazca e na MTV.




“O tema da sustentabilidade já vem sendo discutido por empresas e marcas, desde 1992, ano em que aconteceu primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ECO 92. No entanto, por muito tempo, sustentabilidade foi um conceito mais discutido do que implementado por ser considerado utópico, papo de hippies, pois questionava o modelo de consumo e produção em massa, onde o lucro rápido e a qualquer custo era o resultado esperado.

Foram poucas as empresas e marcas que estabeleceram como base do seu negócio o tripé da sustentabilidade: Meio Ambiente, Sociedade e Governança (ESG). O que vemos hoje é uma corrida global de economias, empresas e marcas tentando repensar seus processos e mind set. As agências e os grupos de comunicação são o reflexo das empresas e marcas; poucos têm sustentabilidade como base do negócio.

Felizmente esse cenário tende a mudar. Uma mudança histórica da cultura econômica global está em andamento, com o surgimento das empresas que integram o Sistema B, um sistema econômico inclusivo, equitativo e regenerativo para a sociedade e para o planeta.

Um estudo que nossa consultoria publicou em 2021, “Sustentabilidade Dossiê Brasil 2021”, mostra que 51% dos brasileiros online entendem o conceito de sustentabilidade e 30% estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços sustentáveis. Os resultados do estudo mostram que os 17 ODS e a sigla ESG devem ser vistos como celeiros de insights e oportunidades para todos.

A pandemia está escancarando a desigualdade social, no Brasil e no mundo e, também, provando que nossos padrões de produção e consumo estão esgotando a biodiversidade e os recursos do planeta. Como aconteceu com a revolução digital, a revolução sustentável é inevitável.

Na edição de 2021 do Fórum Econômico Mundial, houve consenso entre os participantes que, na próxima década, governos e empresas que levarem a sério os 17 ODS e a agenda ESG serão muito beneficiados. Os sete principais desafios, ou evolving risks, apontados em Davos para as economias globais são: questões climáticas, meio ambiente, biodiversidade, doenças infecciosas e concentração da economia digital em poucos grupos, aumentando a desigualdade social na digitalização e nos skills tecnológicos entre os diferentes países.

Há muito trabalho a ser feito, mas antes precisamos entender profundamente o conceito de sustentabilidade, para depois comunicar corretamente. Não adianta uma marca ser ambientalmente responsável, mas não ser inclusiva, ou deixar de pagar impostos. Nas agências idem. Não adianta criar campanhas maravilhosas para marcas sustentáveis e ser uma empresa que gera burnout nos colaboradores ou sem governança.

Crescimento, lucro e prêmios não serão suficientes na próxima década. Chegou o momento das marcas - e das agências –, alinharem seus processos de forma ambientalmente responsável, socialmente justa e com boa governança."

Cecilia Novaes





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