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QUARTA MÍDIA

TV digital estréia no dia 2 só para inglês ver

28.11.07

TV digital tem estréia oficial no domingo, dia 2, e assunto domina noticiários em mídias impressa e eletrônica


 


Tsunami TV Digital 1


A entrada em operação da televisão em alta definição domina a mídia em geral. Nesta quarta-feira, dia 28, os dois principais jornais paulistas – O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo – publicaram longas reportagens sobre o assunto. Na Folha, saiu uma matéria de três páginas no caderno Informática, enquanto o Estadão criou um suplemento especial batizado TV Digital com 12 páginas sobre o assunto.


Tsunami TV Digital 2


O leque de informações é imenso sobre o novo padrão das transmissões de TV no Brasil. Mas o Estadão saiu na frente, já que seu caderno especial teve três páginas de anúncio da Samsung, uma página do Carrefour (ofertando o pacote TV LCD 32” com home theater, set top Box e plano “connect home”) e uma página da Super Casas Bahia com ofertas de aparelhos de TV LCDs também da Samsung. A menos de uma semana da estréia oficial das transmissões digitais na televisão brasileira, a mídia só fala nisso, em uma onda que toma as proporções de tsunami.


Tsunami TV Digital 3


O tema TV Digital não tem dominado apenas o noticiário dos jornais impressos. Está em revistas, rádio, televisão, Internet, podcasts, mídia elevador, nas televisões dos transportes públicos coletivos etc. E ganhou “a boca do povo”. Ouve-se falar do novo padrão de TV no cafezinho na padaria, no táxi, no metrô, no restaurante por quilo, quase em todos os lugares. Definitivamente, o tema é um tsunami.


Gap de mais de oito anos


Apesar de tudo o que se fala sobre a TV Digital, a transição para o novo padrão ainda é uma utopia. O que vai acontecer no dia 2 de dezembro é apenas uma transmissão conjunta pelos canais de televisão aberta de um programa de cinco minutos de duração que marcará o início das transmissões digitais. Mas o sinal com a nova tecnologia será enviado apenas para parte da Grande São Paulo. Ou seja, quase todo o País não vai ter TV digital. A meta do governo federal é que a transição do padrão analógico para o digital demore cerca de oito anos e meio, terminando de fato apenas no dia 29 de junho de 2016. Ou seja, há muito blá, blá, blá para algo tão incipiente.


Decepção do Oiapoque ao Chuí


Este colunista pergunta: quem é que vai explicar para meu tio-avô lá de Aparecida do Tabuado (no Mato Grosso do Sul, fronteira com São Paulo) que a TV LCD que ele acabou de comprar não terá sinal digital como ele acredita? E qual será a reação dele ao descobrir que esse sinal pode chegar entre o próximo final de semana e o final de junho de 2016? Ainda bem que eu o avisei que, na sua atual idade, melhor do que investir no novo aparelho seria comprar um pacote turístico e passar o Reveillon em Paris ou no Rio de Janeiro.  A decepção com a TV digital vai acontecer do Oiapoque ao Chuí. E incluirá São Paulo, pois ela estreará sem qualquer dispositivo de interatividade. Será mesmo só para inglês ver.


Incentivo do governo


Em evento que celebrou os 45 anos da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), realizado nesta terça-feira, dia 27, em Brasília, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, afirmou que o governo federal está disposto a investir na popularização da TV digital no País, mesmo com o sinal sendo restrito a apenas parte da Grande São Paulo. O governo estaria disposto a reduzir os impostos dos fabricantes da caixinha conversora dos sinais (a tal set top box) a fim de baratear o seu custo para a população. Hoje o mais barato desses conversores custa cerca de R$ 700. Considerando que o Brasil tem atualmente 54,6 milhões de aparelhos analógicos de televisão, e que cada um deles precisa de uma caixinha conversora, passar a fabricar esse set top box será um negócio da China.


Negócio do Brasil


Considerando-se o expertise dos chineses na fabricação de componentes eletrônicos, a expressão “negócio da China” deverá perder o sentido no Brasil. A previsão é de uma verdadeira avalanche de caixinhas convesoras de origem chinesa nos lares brasileiros. Os chineses é que agora dizem: “é um negócio do Brasil”. E o governo brasileiro não admite, mas de fato está torcendo para que a exportação de set top box da China para o Brasil seja ainda maior do que a atual exportação de luzinhas e enfeites de Natal que aquele país coloca no mercado brasileiro. A previsão desse colunista, então, é que a China deverá ser a principal incentivadora da TV digital no Brasil. Vamos esperar para ver.


Congresso debate venda da Chinaglia 1


Foi adiada na última hora a audiência pública que estava marcada para acontecer nesta quarta-feira, dia 28, na Câmara dos Deputados, em Brasília, para debater a compra da Fernando Chinaglia Distribuidora pelo Grupo Abril, que dará origem à Treelog. A audiência havia sido proposta pelo deputado Celso Russomano, do PP paulista, com o argumento de que, com a aquisição, a Abril deterá o monopólio do setor de distribuição de revistas no Brasil. Segundo informações da Agência Câmara, o adiamento ocorreu porque o presidente do Grupo Abril, Roberto Civita, estava impossibilitado de comparecer nesta quarta-feira. Uma nova audiência pública foi marcada para o dia 5 de dezembro, próxima quarta-feira.


Congresso debate venda da Chinaglia 2


O surgimento da Treelog também é questionado pelo deputado Devanir Ribeiro, do PT paulista. E o parlamentar aponta que várias editoras vêem com ressalvas e até apreensão o surgimento da nova empresa de distribuição  e logística do Grupo Abril, algo que esta coluna desvelou há duas semanas (confira aqui e aqui), quando revelou que os principais editores de revistas do Brasil (exceto a Abril, claro) se articulavam para incentivar a criação de uma nova empresa para atuar no setor, que fosse independente ou sem qualquer relação com a Abril. O Estadão chegou a confirmar que foi sondado pelo grupo e que estuda a possibilidade desse investimento.


Congresso debate venda da Chinaglia 3


Notícia da Agência Câmara cita que o deputado Luiz Couto, do PT paraibano e que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, teria encaminhado ofício pedindo esclarecimentos sobre a compra da Fernando Chinaglia pelo Grupo Abril ao Cade – Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Entre seus questionamentos está o desejo de saber qual a participação da Dinap e da Fernando Chinaglia no mercado brasileiro de distribuição de revistas um dia antes do anúncio da compra desta segunda pelo controlador da primeira. Se a soma das participações ultrapassar 70%, fica configurada a desobediência às regras de concorrência do mercado e o monopólio da Treelog. O negócio, assim, pode até vir a ser cancelado. O Cade, por sua vez, não tem data marcada para a análise do caso.


Desenhos nacionais obrigatórios na TV


Um Projeto de Lei de número 1821/03 que tramita na Câmara dos Deputados cria uma cota de exibição de desenhos animados produzidos no Brasil na televisão nacional. Se aprovada, a proposta fará com que, em um futuro próximo, sejam nacionais metade de todos os desenhos animados exibidos pelas emissoras do País. Além de incentivar a produção nacional, a proposta levará ao público infantil mais referências da cultura brasileira. Hoje, quase todos os desenhos animados em cartaz nas grades das emissoras abertas são estrangeiros, sendo que desses a maioria é norte-americana ou japonesa. Os maiores opositores do projeto são Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA). 


Por Marcelo Affini - quartamidia@ccsp.com.br


Comentários

Filipe - Já existem conversores de R$500,00... mas mesmo assim, um pouco acima dos R$100,00 como se falava né? E também, um pouco depois (a transmissão era para chegar em SETEMBRO)! "é muito blá blá blá, pra pouco auê"...

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