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Segundo especialista

Polícia errou ao deixar Datena negociar sequestro

01.12.12


Para o especialista em segurança pública José Vicente da Silva Filho, coronel da reserva da PM de São Paulo e ex-secretário nacional de Segurança Pública, a polícia cometeu dois erros no caso em que o apresentador José Luiz Datena negociou ao vivo, na última quarta-feira (28), em seu programa na Band, com um homem que mantinha dois familiares reféns. Um erro foi deixar o apresentador assumir a negociação do sequestro; o outro foi não ter cortado a energia para impedir que o sequestrador seguisse assistindo ao programa de Datena, “Brasil Urgente”. Além de apontar as falhas no caso, Silva Filho criticou o papel da mídia em coberturas de sequestro.



O homem, chamado Joel, se entregou depois de manter mãe e irmã reféns, sob ameaça de uma faca, em função de desentendimento em Diadema, na Grande São Paulo. Ninguém ficou ferido. Datena diz que tanto a transmissão do caso por seu programa quanto sua participação nas negociações foram feitas a pedido da PM.



“Há uma série de procedimentos a serem seguidos numa negociação com um sequestrador”, diz Silva Filho. Entre eles, explica, está o corte de energia, para evitar que o criminoso assista na TV à situação do sequestro. “Isso pode deixar o sequestrador mais nervoso e piorar as condições para a negociação”.



Durante a transmissão ao vivo, o sequestrador fazia pedidos a Datena para que a câmera mostrasse coisas que queria ver, como a presença de uma moto da TV Bandeirantes. O jornalista afirmou posteriormente estar “profundamente arrependido” por ter atuado como negociador.



Em outros casos de sequestro, personalidades, como apresentadores de televisão e políticos, participaram de negociações. Em 2008, a apresentadora Sônia Abrão falou ao vivo com Lindemberg Alves enquanto ele fazia refém a ex-namorada Eloá Pimentel, caso este que teve um desfecho trágico, com a morte da jovem pelo rapaz.



“Devia haver algum tipo de protocolo dentro da imprensa [para cobrir sequestros]. A imagem de várias viaturas da polícia, por exemplo, pode perturbar o indivíduo que já está em fortíssima instabilidade emocional, expondo o refém a risco”, comenta Silva Filho.



Leia matéria do UOL na íntegra, com vídeo exibindo a negociação, aqui.


Segundo especialista

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