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Jornais querem rentabilidade na internet
Em um momento em que veem a circulação crescer, os jornais brasileiros encaram o desafio de conseguir rentabilidade nos conteúdos digitais, nos próximos cinco anos.
Os caminhos para se chegar a isso foram discutidos nesta segunda-feira (29) pelos executivos dos principais jornais do país, durante o VIII Seminário Nacional de Circulação da Associação Nacional de Jornais (ANJ), em São Paulo, segundo o Estadão.
Diante do crescimento da classe C, do envelhecimento da população e do aumento do número de pessoas com acesso a computador, o diretor-presidente do Grupo Estado, Silvio Genesini, vê boas perspectivas para o mercado. "É importante reforçar a circulação tanto do jornal impresso como do digital." Mas ele ressaltou que os jornais precisam buscar alternativas à receita com publicidade, nos próximos cinco anos.
De acordo com o executivo, a receita publicitária é instável e fragmentada. Por isso, é preciso rentabilizar os meios digitais. "O modelo para os próximos cinco anos tem de focar nas pessoas dispostas a pagar por conteúdo."
Ele reforçou a sua argumentação com dados do The New York Times, que hoje tem 40% da receita proveniente da circulação, 39% de publicidade do jornal impresso, 14% digital e 7% de outros.
Em 2005, a publicidade offline respondia por 61%, a digital por 5% e a circulação por 27%.
A avaliação de Genesini é compartilhada pelo diretor-geral da Infoglobo, Marcello Moraes. Mas, para ele, conseguir rentabilidade nos meios digitais é uma mudança que tem de ser feita rapidamente, nos próximos seis meses. "Não precisamos fazer nada no desespero, mas temos de ser rápidos."
Na análise do executivo, o país pode aproveitar o momento atual, que é positivo, com aumento da receita publicitária, para testar novas alternativas.
Um dos caminhos para rentabilizar a mídia digital seria cobrar pelo conteúdo diferenciado, deixando livre o "hard news", que se trata de informação considerada commodity. Ele observou que, atualmente, os jornais precisam mudar a forma de planejamento e começar a trabalhar com cenários múltiplos. "Hoje, não estamos na era do 'ou', mas do 'e'. Isto é, da mídia digital e em papel."
O diretor-superintendente do Grupo Folha, Antônio Manuel Teixeira Mendes, concorda com a necessidade de rentabilizar os meios digitais.
Na avaliação dele, a forma para rentabilizar os conteúdos digitais deve ser hegemônica. No momento, disse ele, cada empresa está buscando as suas alternativas. "Se são criadas dificuldades para acessar o conteúdo, não há aumento da audiência nem da receita. Qual seria então o modelo para conciliar as duas coisas?", questionou o executivo.
Walter de Mattos Junior, diretor-presidente e editor do Grupo Lance! e vice-presidente da ANJ, disse que o desafio de rentabilizar os meios digitais é grande porque muitos leitores já nasceram usando esse meio e não estão acostumados a pagar por essa informação.
"Os nativos digitais não estão acostumados a pagar pelo conteúdo", afirmou. "Não temos mais tempo a perder e estamos entregando mercadoria de graça."
Apesar da revolução tecnológica, o vice-presidente executivo do Grupo RBS, Eduardo Sirotsky Melzer, frisou que o que garante a força do jornal é a qualidade do conteúdo, isto é, a informação diferenciada obtida por profissionais preparados, e a integração entre as redações online e off line. "Estamos otimistas. Acreditamos na mídia online e na impressa."