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TVs em Guerra

Record eleva tom das acusações

17.08.09

Em programa de quase uma hora exibido na noite deste domingo, a Rede Record subiu o tons das críticas contra a Rede Globo, vinculando a emissora da família Marinho à ditadura militar que ocorreu no Brasil. Utilizou trechos de um documentário britânico, "Muito Além do Cidadão Kane", para acusar a Globo de ter sido conivente com as autoridades da ditadura militar brasileira, mostrando ainda fotos de Roberto Marinho de braços dados com generais que presidiram nosso país.


Sem intervalos comerciais, o programa "Repórter Record" afirmou também que a Globo estaria usando e tratando como terreno particular uma praça pública em São Paulo, além de acusar a emissora de falsificar documentos.


O programa retransmitiu entrevistas com políticos a respeito do "monopólio" da emissora, alegando que essa prática seria "prejudicial à democracia".


Depois das críticas dirigidas à Globo, o Repórter Record mostrou uma entrevista 'exclusiva' com Edir Macedo, realizada em Miami (EUA), onde o bispo que está no centro das acusações do Ministério Público (aqui) surge bastante magro.  


Na entrevista, Macedo começa dizendo à repórter que ela pode perguntar tudo o que quiser. Afirma que as acusações contra ele não são novas, e que as recebe com "alegria -- por causa da fé". Ele diz que "ninguém chuta cachorro morto".


Macedo afirmou ainda que "claro que há bispos ruins na igreja", mas disse que eles são expulsos da organização quando se descobrem irregularidades. Citou como exemplo um suposto caso de pedofilia nos Estados Unidos: "A igreja colaborou com a polícia nesse caso".


Quando perguntado pela repórter, que é funcionária da emissora e atua como correspondente em NY, sobre qual sua ambição, ele disse que pretende "colocar a Record lá no topo".


"E com a igreja?", continuou ela. "Pretendo chegar aos países muçulmanos", respondeu Edir Macedo. "Eu sei que é uma guerra danada lá, mas é nossa ambição".

A edição do programa "Fantástico" da noite deste domingo também deu prosseguimento à troca de acusações. Em reportagem mais curta que a do concorrente, mostrou casos de fiéis que teriam sido coagidos a doar mais dinheiro do que poderiam (os mesmos destacadas pela revista Veja).


Uma das entrevistadas dizia que após ter doado cerca de R$ 100 mil à Igreja Universal, não tinha mais dinheiro para comer e almoçava as amostras grátis distribuídas nos supermercados.


O "Fantástico" também citou o caso de Edson Luiz de Melo, ex-zelador, de 45 anos de idade, portador de um "diploma de dizimista". Dulce Conceição de Melo, de 65 anos, mãe de Edson, entrou com a ação na Justiça contra a Igreja Universal do Reino de Deus por prejuízo de R$ 55 mil.


O mesmo programa mostrou uma mansão em Campos do Jordão que seria propriedade de Edir Macedo e que "virou ponto turístico" na cidade.


A troca de acusações entre Globo e Record dominou o telejornal das duas emissoras na última semana.


O Ministério Público realizou denúncia sobre lavagem de dinheiro e formação de quadrilha por parte dos líderes da Igreja Universal na segunda-feira, 10.


Na terça-feira, o "Jornal Nacional" veiculou reportagem de dez minutos sobre as acusações, ao lado de imagens de 1995 do bispo Edir Macedo ensinando pastores a convencer fiéis a doar dinheiro.


A resposta veio na noite seguinte. O "Jornal da Record", durante 14 minutos, fez ataques à Globo e mostrou obras de caridade mantidas pela Universal. Para a Record, a cobertura da concorrente é um "ataque direto e desesperado" de quem tem medo de perder o monopólio dos meios de comunicação no Brasil". O texto afirmava "não ser novidade que a família Marinho usa a televisão para seu jogo de interesses" e que "o poder da família Marinho teve origem na ditadura militar".


Ao mesmo tempo, a reportagem da Globo (9,5 minutos) detalhava as acusações do Ministério Público contra a Universal e destacava que "a Promotoria concluiu que empresas de comunicação estão entre os que receberam ilegalmente" dinheiro de fiéis. Mostrava imagens de um templo para ilustrar a acusação de que "a religião é apenas um pretexto para a arrecadação de dinheiro".


Na quinta-feira, a Record ampliou a cobertura e, em 22 minutos, disse que, com os "ataques" da Globo, "a fé de todos esses fiéis foi ridicularizada". Insistiu ainda que "a ligação com o submundo dos golpes financeiros está presente na Globo desde o seu nascimento."


O "JN" do mesmo dia diminuiu o tempo destinado ao tema, para 6,5 minutos. Sempre citando o Ministério Público e publicações nacionais e internacionais que repercutem o caso, reforçou que "o dinheiro doado pelos fiéis para a caridade" acabou "usado em benefício do grupo de Edir Macedo".


A Globo fez nova reportagem na sexta-feira, de seis minutos e 15 segundos. Reproduziu reportagens de jornais e foi atrás do destino de R$ 10 milhões apreendidos com um líder da Universal em 2005. Informou que a igreja já fez seis recursos para reaver o dinheiro, mas não conseguiu convencer a Justiça.


Leia anteriores aqui, aqui e aqui.


Com infos do UOL

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