arrow_backVoltar

Um brasileiro em Lisboa

O bife lisboeta master-plus-jedi

04.02.09

Quando eu morava em São Paulo, tinha o hábito de comer em lugares Fred Flintstonianos (no que diz respeito ao tamanho e à quantidade de carne).

O 348, o Pobre Juan e o Leôncio são bons exemplos. Sempre preferi 500 gramas de carne com duas colheres de sangue por cima, do que aquele esqueminha fatiado do rodízio que interrompe qualquer assunto umas 72 vezes numa churrascaria.

Bom, e quando eu digo hábito, lá em cima na primeira linha, realmente comia com uma certa frequência. Ou seja, ao me mudar para Lisboa fiquei um pouco preocupado. Não muito, mas o suficiente para fuçar desde o primeiro dia que cheguei uma carne bacanuda que preenchesse o espaço, o vazio.

Logo no início é aquele esquema do bacalhau, do peixe cheio das nove horas, que escorrega diretamente do cais do barco para o seu prato.

Açorda, pastel de nata e mais uma série de receitas que por quase dois meses conseguem desviar sua atenção da carne bovina.

Mas aí chega o dia meu amigo. O dia em que você fica com água na boca até mesmo quando pensa sobre aquele fiapo de carne que costuma ficar preso no  seu molar lá de trás da boca.

Aí você sai em busca da carne perfeita. E é complicado. Não é fácil achar. Os portugueses são master-supremus-imperador-jedi em peixes, frutos do mar e carne suína. Mas carne bovina não.

Aí você pode estar pensando: "mas ô fera, alguém me disse que existe uma Fogo de Chão aí..." Existe, mas tenho quase 99,999% de certeza que alguém registrou o nome antes e abriu o esquema. Porque, apesar de ser interessante para dias de tremedeira devido a abstinência, não mata a saudade. Bate nela. Mas não mata.

Mas é aquela coisa, eu sou brasileiro e não desisto nunca. Ou, quem procura, acha. Ou, quando em Roma, faça como os caras. Ao perguntar e perguntar, um português do trabalho comentou sobre o Café de São Bento. E o problema acabou. Sabe aquela carne do Filé do Moraes aí de São Paulo, que o garçom só para tirar onda corta com a colher? São primas.

Sabe aquela carne que vale um Uno Mille lá do Baby Beef Rubayat? São amigas de infância. O preço não é criminoso. O ambiente é cheio de stâile. Meio 1978 com um toque de barzinho de filme inglês com o Michael Caine.

Portanto fica aqui a dica. Você curte um bife. Mas um bife responsa. Um bife que marca. Um bife que você fica olhando para ele depois da primeira garfada com uma pena de comer e ao mesmo tempo, pressa? Café de São Bento. Que fica na rua com o mesmo nome aqui em Lisboa. Pertinho da Assembléia.

Erick Rosa - Redator - Leo Burnett Lisboa
 
erick.rosa@leoburnett.pt


Leia texto anterior da coluna Um Brasileiro em Lisboa aqui.


 

Um brasileiro em Lisboa

/