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Um mês dentro de uma produtora

Por Daniela Ribeiro, redatora

03.04.08

Em 2006, eu vim da FischerAmerica para ser diretora de criação no start-up da FischerPortugal. Foi uma experiência extraordinária que, só pra falar do mínimo, me ajudou a entender melhor todos os DCs que tive.


Um ano depois, vi a agência já caminhando, com bons clientes e uma equipe bacana. Mas vi também que tanto tempo administrando budgets, expectativas e pessoas numa agência em construção não me deixou muito tempo para criar, nem mesmo um textinho assim como este.


Daí que antes de voltar para SP - o que a saudade já está me obrigando a fazer - decidi pagar a dívida com a minha porção criativa numa moeda diferente, com algo que me chamou a atenção desde que cheguei aqui: o alto nível da produção de filmes.


Resolvi passar 1 mês dentro de uma produtora para entender o que acontece com um roteiro quando ele entra lá. Desde o treatment e as pesquisas de referências, passando pela produção, escolha de casting e, claro, direção e edição. Para cobrar melhor dos diretores, argumentar melhor com os clientes ou simplesmente criar melhor dentro de budgets cada vez piores.


A estréia não foi com propaganda. Fiz assistência no primeiro curta-metragem de um dos diretores da produtora. Muito bacana ver uma equipe trabalhando tão duro e de graça. Como o curta não tinha patrocínio, era o job do ano: todo mundo feliz da vida por não ter um sujeito que depois de tudo pronto ia dizer que achou uma das cenas meio indencente e pedir pra aumentar o packshot. Mais bacana ainda pensar que, até uma semana atrás, eu era esse sujeito.


Depois do cinema, a realidade. Pela primeira vez, virei a noite num set de filmagem de um roteiro que não era meu. Foi um trabalhão que durou 22 horas. A equipe de efeitos especiais veio de Madrid, o ator veio de Londres e o cachorro era o único que entendia português. Às 5h daquela madrugada gelada, acompanhei de um ângulo privilegiado a batalha do diretor para equilibrar a busca dele pelo melhor take, os pedidos do cliente e o cansaço da equipe. E vi com uma clareza assustadora a diferença entre uma e duas diárias. Espie o resultado em
http://www.youtube.com/watch?v=beMP4d9XoH0.


Neste momento, estou trabalhando num filme que vamos rodar daqui a 2 dias. O diretor de casting - outra coisa bacana aqui: o responsável pelo casting é ator e trabalha full time dentro da produtora – acabou de apresentar novas opções enquanto a gente dava uma reclamadinha básica desse pessoal  da agência, que pôxa, é foda, não aprovou aquela atriz tão boa só porque ela era meio esquisitinha.


A filmagem é no dia do meu aniversário, e é uma maravilha de presente passá-lo cercada de pessoas com outras referências e, principalmente, fazendo coisas pela primeira vez. 

Não tenho certeza, mas desconfio que quando a gente deixa de ter  tempo pra isso, nosso trabalho começa a ficar menos criativo.


Daniela Ribeiro é redatora, esteve diretora de criação e está assistente de direção e com um tempinho para escrever.


danniribeiro@yahoo.com.br


Comentários

José Netto - Dani parabéns, você é linda. Saudades! Bjos. =)



 

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